A coleta do citopatológico (CP), popularmente conhecido como papanicolau, é importante para mulheres entre 25 a 64 anos, conforme preconizado pelo Instituto Nacional do Câncer (INCA) e Ministério da Saúde. Este exame desempenha um papel eficaz na detecção precoce de lesões precursoras do câncer de colo de útero. No Brasil, excluídos os tumores de pele não melanoma, este câncer é o terceiro tipo mais incidente entre as mulheres. Para cada ano do triênio 2023-2025 foram estimados 17.010 casos novos, o que representa uma taxa bruta de incidência de 15,38 casos a cada 100 mil mulheres. Na análise regional, o câncer do colo do útero ocupa a quarta posição na Região Sul (14,55/100 mil) (INCA, 2022). A Secretaria de Estado da Saúde do Rio Grande do Sul é representada regionalmente por 18 Coordenadorias Regionais de Saúde (CRS). A 4ªCRS abrange duas regiões administrativas de saúde: R1- Verdes campos com 22 municípios e R2 - Entre Rios com 11 municípios. Ambas, apresentam uma média de 300.000 mil mulheres e 160.000 mil de 25 a 64 anos na região. O objetivo deste trabalho é fornecer uma análise dos dados relativos à coleta de citopatológico ao longo de uma década nos municípios de abrangência da 4ª CRS. Foram utilizados os dados do DATASUS - TABNET, filtrando por “Ano de atendimento”, “Região de Saúde - Verdes Campos e Entre Rios” e “Procedimento - Coleta de material do colo de útero para exame citopatológico” nos anos de 2013 a 2023. Ao longo desse período, foram observadas variações significativas no número de procedimentos, conforme a seguir: 2013 (25.056), 2014 (23.764), 2015 (22.803), 2016 (254.199), 2017 (21.541), 2018 (11.984), 2019 (5.402), 2020 (94.055), 2021 (4.534), 2022 (3.738) e 2023 (2.432). Pode-se destacar que desde o início da série analisada, o quantitativo de exames realizados vêm diminuindo consideravelmente, despencando drasticamente a partir do ano de 2019, mesmo com a implantação do programa Previne Brasil no ano de 2020. Ainda, destacam-se os anos de 2016 e 2020 devido ao notável aumento registrado nas coletas de CP, maior que o número de mulheres na faixa etária preconizada. Em ambos os anos, não foram encontrados artigos científicos que justifiquem esse aumento nas regiões administrativas da 4ªCRS. No ano de 2020, é especialmente relevante, considerando que foi um período de pandemia da COVID-19. Nesse caso é importante considerar outros fatores que possam ter contribuído, como mudanças nas políticas públicas, conscientização da população feminina, melhoria ao acesso aos serviços de saúde, disponibilidade de recursos ou mesmo erro no sistema de informação. Pode-se concluir que, embora o controle do câncer do colo do útero seja uma prioridade da agenda de saúde do País, ainda estamos longe de cumprir o mínimo que o Ministério da Saúde preconiza. Nesse sentido, é imperativo aprimorar as políticas existentes para assegurar a consecução das metas de cobertura e qualidade dos exames, com o objetivo de mitigar a incidência e mortalidade relacionadas ao câncer do colo do útero.