A experiência contempla diferentes países da América do Sul com a busca por compreender de forma teórico-prática como os serviços de primeiro nível são ofertados dentro dos sistemas de saúde, mesclando nações que têm a missão de alcançar o Acesso Universal e também os claramente focados na Cobertura Universal de Saúde. Para tanto, as visitas foram realizadas sem agendamento prévio e sem intervenções de atores influentes no Peru, Bolívia, Chile, Argentina e no Paraguai entre os meses de agosto de 2023 e janeiro de 2024. Esta metodologia de visitas foi utilizada justamente para possibilitar compreender o itinerário terapêutico percorrido pelos usuários para acessar os serviços. A experiência vivenciada enquanto doutoranda em Saúde Coletiva em trânsito reafirma como nossa região tem uma ampla e chamativa diversidade cultural e, infelizmente, também uma desigualdade social gritante que permite discrepantes acessos a serviços de saúde a depender do ingresso salarial e do poder de consumo, com forte participação privada. Como impressões conclusivas, percebe-se que sofremos historicamente com ondas de governos irresponsáveis socialmente e, como agravante, ofertamos pouco incentivo e pouco espaço institucional para a participação e controle social. Temos grande inspiração em países de primeiro mundo e, em contrapartida, escassos investimentos para intercâmbios de experiências e conhecimentos dentro da região, o que enfraquece nosso poder de articulação regional. Analisa-se criticamente que os sistemas de saúde, mesmo quando tem propostas universais, ainda operacionalizam uma carteira de serviços restrita que contempla apenas uma parte da população. De forma conectada e conseguinte, temos construído modelos de Atenção Primária à Saúde com grande proximidade à vertente restrita com dinâmicas formativas, laborais e de infraestrutura física que carecem de reformas inspiradas na Conferência de Alma Ata.