Introdução: O termo bronquiectasia refere-se à evidência de dilatação brônquica irreversível associada a alterações congênitas e adquirida de diferentes intensidades condicionadas a fatores ambientais. Antes, considerada uma doença órfã, mas hoje tem se mostrado uma condição mais frequente do que previamente vista. É uma condição pulmonar crônica, resultante da degradação elástica e muscular das paredes brônquicas. Essa deterioração estrutural compromete a capacidade dos brônquios de limpar as secreções de forma eficaz, levando ao acúmulo de muco e facilitando a ocorrência de infecções recorrentes. Dessa forma, a bronquiectasia subdivide-se em secundárias à fibrose cística ou não, abrangendo um espectro heterogêneo de apresentações clínicas e progressões. Quanto à epidemiologia é mais comum em adultos, com diagnóstico mais provável entre 40 e 50 anos, sexo feminino e diversas condições respiratórias e sistêmicas podem contribuir para o seu desenvolvimento. A prevalência e a incidência de bronquiectasia sem fibrose cística estão aumentando em adultos, e a condição representa um fardo considerável para os cuidados de saúde com efeito na qualidade de vida e sobrevida dos pacientes e diversas condições respiratórias e sistêmicas podem contribuir para o seu desenvolvimento. Entre as condições que podem desencadear a bronquiectasia estão às infecções virais do trato respiratório superior, doença pulmonar obstrutiva crônica, asma, aspergilose broncopulmonar alérgica, imunodeficiências, discinesia ciliar primária e doenças inflamatórias sistêmicas. Além disso, o envelhecimento da população e o surgimento de outras condições patológicas podem contribuir para o desenvolvimento da patologia abordada. Por conseguinte, os sintomas crônicos das vias aéreas incluem tosse persistente, expectoração mucopurulenta, dispneia e, em casos mais graves, hemoptise, hipoxemia, hipertensão pulmonar, cor pulmonale e hipercapnia. A identificação e o diagnóstico precoces são essenciais para um manejo adequado da doença. Ademais, a tomografia é o exame padrão ouro para o diagnóstico dessa condição, permitindo a detecção e visualização precisa da dilatação brônquica, assim como de outras anormalidades estruturais pulmonares. O tratamento visa reduzir a frequência e gravidade das complicações da doença, melhorar a função pulmonar e a qualidade de vida do paciente. Isso pode incluir o uso de antibióticos para o controle de infecções, glicocorticoides para redução da inflamação, imunorreguladores e fisioterapia respiratória para auxiliar na remoção das secreções e na melhoria da função pulmonar. O manejo multidisciplinar e o acompanhamento regular são fundamentais para aperfeiçoar os resultados clínicos e minimizar o impacto da bronquiectasia na vida dos pacientes. Objetivo: Investigar o tratamento da bronquiectasia. Método: Pesquisa bibliográfica do tipo integrativa de natureza descritiva e explicativa, com fontes de informação coletadas na base de dados Pubmed, Scielo, BVS e Medline, entre 2017 e 2022, através do operador booleano AND, a partir da combinação dos seguintes descritores: bronquiectasia AND tratamento farmacológico AND macrolídeo. Para isso, foram aplicados filtros que abordaram os temas mencionados incluindo a bronquiectasia, macrolídeos, antimicrobianos e azitromicina; os tipos de estudo considerados foram ensaios clínicos controlados, estudos observacionais e pesquisas qualitativas; os idiomas selecionados foram o inglês e o espanhol; e o critério de inclusão foi o intervalo de tempo entre 2017 a 2022 e textos gratuitos Com esses filtros, foram identificados dezoito artigos- lidos na íntegra- e selecionadas nove publicações. Resultados: O tratamento da bronquiectasia tem como eficácia o uso de macrolídeos de forma prolongada no tratamento em crianças, embora se ressalte o risco de resistência bacteriana como uma preocupação importante. Apesar disso, a terapia continua sendo uma opção valiosa de tratamento, especialmente devido à falta de alternativas terapêuticas específicas. Resultados semelhantes foram observados em pesquisas que investigaram os benefícios desses fármacos em diversas subpopulações, mostrando uma redução significativa na frequência de exacerbações. Destaca-se a azitromicina como uma opção particularmente eficaz nesse contexto. Faz mister, monitorar de perto os pacientes em tratamento prolongado. Apesar dos benefícios observados, é importante considerar os possíveis riscos associados e eventos adversos graves, como morte cardiovascular. Além do uso dos macrolídeos, outras estratégias terapêuticas também estão sendo exploradas. Assim, o tratamento deve ser individualizado considerando as diversas peculiaridades e manifestações clínicas do paciente, além de algumas condições específicas. A prevenção das agudizações compreende broncodilatadores, eliminação de secreções, antibióticos e tratamento de complicações como hemoptise e outras lesões pulmonares, devido infecções resistentes ou oportunistas. Os fármacos mucolíticos têm sua ação na redução da viscosidade do muco através de mecanismo de degradação de polímeros de mucinas e outros componentes sólidos. Nesse aspecto, a fisioterapia tem papel importante na reabilitação e recuperação da capacidade laboral. Pesquisas destacam a importância de compreender os mecanismos imunológicos subjacentes à bronquiectasia para desenvolver abordagens terapêuticas personalizadas. Da mesma forma, análises ressaltam a importância de alinhar a prática clínica com as diretrizes atualizadas e explorar novas opções terapêuticas para melhorar o manejo da doença. No entanto, apesar dos avanços na compreensão e no tratamento da bronquiectasia, ainda há lacunas significativas no conhecimento e na prática clínica. Considerações finais: Em suma, pode-se considerar que o tratamento atual da bronquiectasia possui escassas evidências científicas, em virtude da ausência de terapias eficazes e modificadoras da história atual dessa doença. Dentre as medicações utilizadas em seu tratamento podem-se destacar os macrolídeos em virtude de ser a única classe de moléculas com características antibacterianas e anti-inflamatórias. Seu uso apresenta uma redução significativa do número de exacerbações infecciosas e da perda da função pulmonar. Entre os macrolídeos, a azitromicina tem a maior meia-vida com menor efluxo celular, o que significa que ela alcança maior nível intracelular em administração prolongada. No que diz respeito ao uso de corticoides inalatórios no tratamento da bronquiectasia, é importante destacar que seu uso rotineiro é recomendado apenas para pacientes que apresentam asma ou doença pulmonar obstrutiva crônica associada. Dito isto, a relevância desse estudo surge da carência no Brasil de medicações aprovadas em agências regulatórias para o tratamento de pacientes com bronquiectasias. Por fim, a busca de considerações que possivelmente surgiram com foco especial nas situações pós-pandemia de Covid-19, havendo uma lacuna referente à orientação dos profissionais de saúde em relação às abordagens e tratamentos baseados em evidências, que englobem agentes farmacológicos eficazes na desobstrução das vias aéreas, redução da inflamação, controle da infecção crônica e uma classificação mais precisa para subsidiar as decisões terapêuticas e aprimorar os resultados alcançados, a fim de melhorar a qualidade de vida desses enfermos e o desfecho clínico. É fundamental que a comunidade médica e científica continue colaborando para fornecer assistência eficaz aos pacientes afetados por essa condição pulmonar.