As doenças crônicas não transmissíveis são altamente prevalentes na atualidade, causando um grande impacto na saúde global. O Diabetes Mellitus tipo 2 (DM2) segue essa tendência, com incidência aumentando a cada ano, tornando-se problema de saúde pública. O Brasil está entre os 5 países com maior índice de registros, sendo diagnosticados até 2020 mais de 16,8 milhões de casos. Segundo dados da Secretaria do Estado do Amazonas (SES-AM) existem mais de 185 mil casos registrado no estado, destes 61,72% são pessoas residentes na capital. O Diabetes Mellitus (DM) é definido como uma síndrome metabólica caracterizada pelo aumento exacerbado de glicose no sangue ocasionado pela falta ou ineficiência da insulina. A adoção de hábitos saudáveis tem se mostrado uma estratégia eficaz na promoção da saúde e na prevenção de doenças. Outrossim, a crescente prevalência de doenças crônicas não transmissíveis tem gerado preocupação global, e a busca por soluções que possam melhorar a qualidade de vida tem se intensificado. Esse estudo é de abordagem qualitativa com interface participativa e inserido na pesquisa intitulada “Intervenção liderada por Agentes Comunitários de Saúde para manejo do Diabetes Tipo 2 no interior do Amazonas”, financiada pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas, e coordenada pela Prof. Dra. Elisa Brosina de Leon, Edital Startup para o SUS 2022. Esse estudo busca compreender as barreiras e facilitadores para incorporação de hábitos saudáveis na população amazonense com diabetes mellitus tipo 2 assistidos pela atenção primária e será realizado em duas etapas. Na primeira etapa serão realizados quatro encontros, por meio da técnica World Café, a saber: dois com Agentes Comunitários de Saúde (ACS) que atendam usuários com diabetes mellitus tipo 2 e dois com usuários que possuem DM2, sobre as barreiras e os facilitadores que influenciam na incorporação de hábitos saudáveis de vida em usuários com DM2. Na segunda etapa serão realizadas entrevistas semiestruturadas em profundidade, sobre a mesma temática, com usuários com DM2 que possuem alguma dificuldade ou resistência ao tratamento. Os dados dessa pesquisa serão coletados no município de Iranduba, interior do Amazonas, onde para participação na macro pesquisa serão sorteadas 6 UBS urbanas. Neste estudo, serão acrescidos agentes comunitários de saúde (ACS) e usuários com DM2 atendidos pelas UBS sorteadas para o estudo. Esta pesquisa será realizada em duas etapas, sendo em cada etapa participantes diferentes. Para a realização do World Café, de acordo com o documento produzido pelo The World Café Community, é preciso formar grupos de cerca de quatro a cinco pessoas. Assim, os participantes desta pesquisa serão 25 usuários e 25 ACS, das respectivas UBS que serão sorteadas. Para etapa das entrevistas semiestruturadas será utilizada a saturação teórica dos dados, pois é utilizada para determinar ou definir o tamanho final de uma amostra em um estudo. No World Café serão incluídos os ACS vinculados a uma das UBS sorteadas dentro do município de Iranduba e, dentre os usuários, homens e mulheres acima de 18 anos, com diagnóstico de DM2 há pelo menos 6 meses, de qualquer raça/cor da pele autodeclaradas atendidos pelos ACS de uma das unidades sorteadas. Para as entrevistas semiestruturadas serão seguidos os mesmos critérios, acrescidos da não participação da sessão de World Café e que tenham dificuldades na adesão ao tratamento da DM2 reportado pelos ACS. Para comprovação de aceite e participação nesta pesquisa qualitativa, os Agentes Comunitários de Saúde e os usuários assinarão o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) e o Termo de Autorização de Uso de Imagem e Voz de Maior Capaz. A dinâmica do World Café será realizada em quatro encontros, sendo dois encontros com os usuários e dois encontros com os ACS, seguindo um roteiro com 5 questões significativas, a saber: 1) Quais as barreiras para adesão medicamentosa em pessoas com DM2? 2) Quais as barreiras para incorporação de hábitos alimentares saudáveis em pessoas com DM2? 3) Quais as barreiras para a prática de atividade física em pessoas com DM2? 4) Quais as barreiras relacionadas a fatores ambientais as pessoas com DM2 possuem para incorporação de hábitos saudáveis de vida? 5) Quais as barreiras para ter disposição para mudança de hábitos em pessoas com DM2?. Para realização do segundo encontro de World Café com usuários e ACS foi feito um roteiro com 5 questões significativas, a saber: 1) Quais os facilitadores para adesão medicamentosa em pessoas com DM2? 2) Quais os facilitadores para incorporação de hábitos alimentares saudáveis em pessoas com DM2? 3) Quais os facilitadores para a prática de atividade física em pessoas com DM2? 4) Quais os facilitadores relacionados a fatores ambientais as pessoas com DM2 possuem para incorporação de hábitos saudáveis de vida? 5) Quais os facilitadores para ter disposição para mudança de hábitos em pessoas com DM2? Na organização e processamento dos dados, o conteúdo das toalhas de mesa e vídeos serão transcritos através do Software Google Docs e codificadas utilizando o software ATLAS.ti23. O processo de análise será dividido em quatro etapas. Na primeira etapa, as mídias do World Café e das entrevistas semiestruturadas serão transcritas. Na segunda etapa, serão identificados tópicos significativos, através das frases dos discursos dos participantes que foram catalogados em grupos de código. Na terceira etapa, os tópicos de cada grupo de códigos serão selecionados de acordo com os discursos mais indicados pelos participantes. Na quarta etapa, as citações mais apropriadas serão selecionadas para exemplificar os códigos mais indicados pelos participantes. Para analisar os dados qualitativos dos encontros World Café e das entrevistas em profundidade, utilizaremos a análise de rede temática, um método que busca identificar padrões de significado nos dados para identificar temas. Em suma, almeja-se que esse estudo que busca a compreensão das barreiras e facilitadores para a incorporação de hábitos saudáveis em pessoas com diabetes mellitus tipo 2 seja de fundamental aprimoramento da assistência e promoção da melhora da qualidade de vida para esses usuários. Isto porque ao garantir a proteção dos participantes, identificar obstáculos e facilitadores, e contribuir para políticas públicas mais efetivas, tais pesquisas passa a apresentar impacto positivo e significativo tanto a nível individual quanto na saúde da população.
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