Apresentação:
Trata-se de relato de experiência de uma ação educativa realizada pelos estudantes dos cursos de graduação em saúde da Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do sul (UNIJUÍ) com estudantes dos anos finais do ensino fundamental de uma escola pública do município de Ijuí/RS, que objetivou a conscientização sobre a importância da vacinação contra o HPV, aumentar a procura da vacinação na ESF, ampliar o acesso dos jovens ao serviço de saúde do bairro e incentivar novas ações educativas através da interação entre escola e o serviço público de saúde. O HPV é um problema de saúde pública, devido à sua associação com o câncer de colo de útero, o qual é muito frequente entre as mulheres. Levando em conta a importância da educação em saúde, o desenvolvimento deste trabalho tornou-se relevante, devido à necessidade em orientar e informar os jovens sobre a prevenção do HPV e a suas consequências caso não seja tratado. A atividade desenvolvida na escola alcançou cerca de 30 jovens, envolvendo a participação dos professores, equipe diretiva e representantes da Estratégia de Saúde da Família (ESF) do bairro Jardim.
Desenvolvimento do trabalho:
A disciplina de Vivências Integradoras em Saúde Coletiva buscou propiciar o fazer multiprofissional em saúde aos estudantes de graduação dos cursos da área da saúde da UNIJUÍ. A partir disso, a tarefa inicial foi conhecer o território de abrangência da ESF do bairro Jardim, situado na cidade de Ijuí/RS e identificar algum aspecto/problema sobre o qual seria possível desenvolver uma ação de educação em saúde abrangendo as diferentes áreas de formação, desenvolvendo ações de forma multiprofissional e priorizando a atenção integral à saúde dos sujeitos e da comunidade observada.
A equipe que prestava atendimento no local era composta por 1 enfermeiro, 2 técnicos de enfermagem, 2 agentes comunitários de saúde, 1 médico, 1 nutricionista, 1 dentista e 2 higienizadoras. A abrangência territorial da ESF é composta pelo bairro Jardim e uma parte do bairro Lambari contemplando cerca de 4.100 pessoas. Como observado após deslocamento pela área, o bairro Jardim possuía características de população de classe baixa e média, já a região correspondente ao bairro Lambari, além de ser a mais distante da ESF, era caracterizada por maior índice de vulnerabilidade social, insegurança alimentar e baixo alcance das políticas públicas de saneamento básico, composto em sua grande maioria por população carente. Logo, percebeu-se o desafio da ESF em abranger dois territórios com nítidas diferenças sociais e econômicas e com distintas faces de necessidades de saúde.
Através do relato da equipe da ESF do bairro Jardim, foi possível identificar a dificuldade de alcance ao público jovem após a campanha de vacinação contra o HPV. Em conjunto o grupo, e os profissionais da ESF, decidiram realizar uma ação na Escola Estadual de Ensino Fundamental Alice Couto. A ação seria dirigida aos estudantes correspondentes à faixa etária de vacinação, estudantes dos 6º, 7º, 8º e 9º anos. A metodologia escolhida foi a roda de conversa através de explanação e integração de conhecimentos com os alunos e professores participantes da dinâmica; foram apresentadas informações acerca da conscientização da vacinação contra o HPV, pois o objetivo principal era enfatizar a importância da vacinação e com isso ampliar a procura pela vacinação na ESF. Foi desenvolvido um material didático explicativo adequado para a faixa etária, incluindo a definição do tema; formas de contágio; sintomas; prevenção; calendário vacinal e outros aspectos importantes relacionados ao HPV. Em um segundo momento da dinâmica, foi desenvolvido um jogo intitulado “passa ou repassa”, seguindo os critérios de estudo de normativas do Ministério da Saúde, essa dinâmica consistiu na divisão dos estudantes em dois grupos que respondiam as questões citadas, ou as repassavam ao outro grupo, caso não soubessem a resposta correta.
Resultados:
Durante a ação na escola Alice Couto foi observada uma participação ativa dos adolescentes, além da participação dos professores responsáveis pelas turmas e as Agentes Comunitárias de Saúde do bairro, visando a aproximação da escola com o serviço de saúde. Um dos aspectos destacados foi a maior interação com os alunos do 6º e 7º ano quando comparado com os alunos dos 8 e 9º anos. Observou-se também maior predominância de meninos entre os participantes.
Constatamos que os adolescentes possuíam pouco contato com a própria caderneta de vacinação, e deixavam somente na responsabilidade dos pais, não realizando o uso ou manuseio da mesma. Entre os estudantes poucos estavam vacinados e muitos ficavam na dúvida se já haviam sido vacinados ou não, a maioria dos jovens não estavam conscientizados acerca da importância do calendário vacinal e do papel fundamental das vacinas na prevenção de doenças, em especial sobre o vírus HPV. Durante a ação percebemos desinformação e dúvidas sobre a temática, muitos não conheciam o que era o HPV, modos de transmissão, sintomas, e os agravos à saúde causados pelo vírus.
Utilizando a ferramenta pedagógica (jogo), aplicada após a apresentação na roda de conversa, pode-se avaliar a fixação do tema e relevância das informações discutidas. O jogo de perguntas e respostas chamou a atenção dos adolescentes e incentivou a competitividade saudável. A dinâmica proposta foi desempenhada com facilidade pelos alunos, sendo este um dos indicadores do sucesso da ação e identificação dos pontos a serem reforçados. Pensando na repercussão dos conhecimentos e impacto da ação no âmbito familiar, foi desenvolvido um material educativo impresso (folder) com informações importantes relacionadas à vacinação contra o HPV.
Considerações finais:
Ao fim do desenvolvimento da ação educativa pode-se concluir que a conscientização sobre a vacinação do HPV foi alcançada. Além disso foi possível estreitar laços entre saúde e educação a nível local, abrindo novos possibilidades para o desenvolvimento de ações futuras, esse processo se deu de forma a evidenciar a importância da educação em saúde nos diferentes locais do território de abrangência da ESF, buscando o fazer em saúde além da estrutura física do serviço de saúde. Na ESF Jardim, a partir de agora pode-se estabelecer o programa saúde na escola de acordo com a viabilidade e disponibilidade de profissionais e voluntários. Talvez este possa ser um meio de desenvolvimento do trabalho em saúde junto às famílias, atuando na integração com professores e alunos, pois através da atuação multiprofissional e intersetorial percebe-se que aplicação dessas ações é de fato possível e eficaz.
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