Apresentação
As necessidades de cuidados odontológicos de pessoas em leito domiciliar ampliaram-se nos territórios de saúde e, ao perceber tal demanda, os cirurgiões-dentistas da Atenção Primária em Saúde (APS) de um município de médio porte do Espírito Santo buscaram formas de prestarem atendimento assistencial a esses usuários, com o objetivo de ampliar a eficácia, a resolutividade e o acesso da população aos serviços odontológicos no escopo da prevenção, promoção, paliativo e curativo aos usuários, de forma ampliada.
Desenvolvimento
Um grupo de cirurgiões dentistas que participam do provimento de um município de médio porte, orientados por seu supervisor docente assistencial do Programa Qualifica-APS do Instituto Capixaba de Ensino, Pesquisa e Inovação (ICEPI), perceberam a necessidade de prestarem assistência domiciliar aos usuários do Sistema Único de Saúde (SUS), acamados ou não, que, por diversos motivos, são impedidos de ir até a Unidade de Saúde da Família (USF) para sanar os seus problemas bucais, seja de forma preventiva, paliativa ou curativa.
A metodologia utilizada é o deslocamento de um cirurgião-dentista da USF, até o domicílio do usuário, a partir da chamada da família, agente comunitário de saúde (ACS), pelo agendamento da equipe ou em situação de urgência.
Os procedimentos são realizados no próprio domicílio e as urgências, tais como, alívio de dor, sangramentos, lesões de mucosa e biópsias são priorizados e impõem maior sensibilidade e resolutividade para alívio do sofrimento do paciente e de seus familiares e trazem o desafio da associação de um plano de cuidados focado na condição e vulnerabilidade do paciente, centrado na pessoa, com abordagem pela cínica ampliada.
RESULTADOS
Os atendimentos domiciliares em saúde bucal puderam trazer tranquilidade aos pacientes e segurança técnico operacional para as equipes de saúde, para gestão do município e, principalmente para os familiares, que passaram a contar com apoio contínuo e resolutivo dessas demandas.
Os cuidados aos pacientes acamados trouxeram a perspectiva de reduzir os focos infecciosos bucais críticos, riscos de infecções, agravamentos do quadro do paciente acamado, pneumonias, além da possibilidade de agregar valor humanizado ao cuidado, evitando arriscados deslocamentos do paciente até a unidade de saúde
As consultas odontológicas em domicílio puderam trazer ao processo de trabalho um caráter educacional permanente, que, a partir das discussões de casos clínicos concretos e dos procedimentos compartilhados, incrementou a prática dialógica entre os profissionais, pois, ao mesmo tempo que aprendem uns com os outros, compartilham o que sabem e contribuem para a atualização dos protocolos de atendimento, encaminhamentos e orientação de cuidados aos familiares e cuidadores.
Para a gestão, implementou inovação na assistência, cobertura territorial de saúde bucal, adstrição, melhora dos indicadores, satisfação dos usuários, garantia de universalidade, integralidade e ampliação dos serviços aos pacientes com restrição e redução de capacidades.
Considerações finais
Considera-se que novas políticas de saúde podem otimizar os recursos humanos e serem capazes de transformar a dinâmica da saúde bucal nos territórios, com ampliação dos atendimentos odontológicos para além dos consultórios com qualidade e protagonismo do cirurgião-dentista, além de agregar produtividade, humanização, corresponsabilização de cuidados, estruturação de vínculos e comodidade para o paciente.