Apresentação: A normatização da atuação da Enfermagem nas Práticas Integrativas e Complementares em Saúde (PICS) foi publicada recentemente, por meio da Resolução do Conselho Federal de Enfermagem (COFEN) nº 739 de 2024. A resolução prevê que algumas PICS são reconhecidas como especialidade ou pós-graduação do profissional Enfermeiro, enquanto outras como capacitação por meio de cursos livres. A Enfermagem representa o maior grupo de profissionais da saúde no mundo e constituem um importante grupo na prestação de cuidados, inclusive na integração de abordagens de saúde alopáticas com as PICS, tendo em vista, que essas práticas estão sendo cada vez mais procuradas pelas pessoas. Essa demanda necessita de maiores investigações sobre o perfil socioeconômico e educacional de enfermeiros com formações em PICS no Brasil. Objetivou-se analisar a prevalência de formação de enfermeiros em PICS, seus diferentes tipos e fatores sociodemográficos associados. Desenvolvimento: Deriva-se do macroprojeto nacional “Estudo Brasileiro: Inquérito Nacional sobre o Perfil educacional e profissional de Enfermeiros(as) de saúde Integrativa e Práticas Tradicionais - ENFPICS” aprovado pelo Comitê de ética da UFRGS sob CAAE n°43306921.6.0000.5347. Trata-se de um estudo quantitativo, transversal e on-line que utilizou um questionário para enfermeiros no Brasil, no período de junho/2021 a janeiro/2022, com 1.154 participantes. Para a análise estatística, utilizou-se o software StataIC, versão 16.0. A variável dependente foi a formação em PICS e as prevalências dos diferentes tipos de PICS também foram pesquisadas. Para as variáveis independentes utilizaram-se dados de características sociodemográficas. Testes estatísticos descritivos e inferenciais foram realizados. Resultados: A maioria eram do sexo feminino (89,49%), brasileiras (99,65%), com média de idade de 39,71 anos (±10,37) e com renda até quatro salários-mínimos (52,43%). A prevalência de formação em PICS foi de 43,50%. Entre os 502 enfermeiros com formação em PICS, a prevalência de atuação nessas práticas foi de 64,60%, com carga horária de até duas horas semanais de atuação (36,96%) e local de trabalho na atenção primária em saúde (33,40%), prevalecendo o atendimento individual (78,0%), seguido do atendimento coletivo (17,60%). Dentre esses participantes, 85,97% acreditavam que o mercado de trabalho na área das PICS está em crescimento e 10,42% afirmaram não ter uma percepção a respeito disso. Após a análise ajustada, a formação em PICS apresentou uma associação significativa entre a idade (p<0,001), a região onde desempenha as atividades laborais (p<0,001) e a renda (p<0,001). Dentre as PICS das quais as enfermeiras tinham formação, destacam-se: Auriculoterapia (59,96%), Imposição das Mãos (37,45%), Aromaterapia (29,28%) e a Acupuntura (27,49%). Afirmaram discutir com outros profissionais os casos clínicos relacionados aos tratamentos com PICS 31,40% dos participantes, sendo este um colega de trabalho (31,80%); um colega de um curso que participou (29,20%); uma pessoa do grupo de PICS (25,20%); entre outros. Considerações finais: As Enfermeiras brasileiras possuem formações em PICS e fatores sociodemográficos como idade, região de trabalho e renda apresentam associação significativa.