Apresentação: A dor lombar é um problema de saúde pública, com impacto na qualidade de vida e funcionalidade, sendo a principal causa de incapacidade no mundo. Devido à dor, acarreta dificuldade de realizar atividades de vida diária. Sua prevalência ocorre na meia idade entre 40-69 anos, sendo mais comum nas mulheres, sendo a maioria dos casos de dor lombar, de causa inespecífica, devido suas características multifatoriais. O modelo biopsicossocial compreende a dor para além das alterações estruturais e biológicas, trazendo fatores psicossociais, comportamentais e espirituais. Desta forma, o manejo da dor lombar deve se centrado na pessoa, considerando diferentes dimensões que podem influenciar sua experiência dolorosa. O exercício físico é a intervenção mais recomendada para tratar dor lombar. O método pilates é um tipo de exercício físico que pode ser realizado no solo, proporcionando melhora da força muscular, da flexibilidade, da consciência corporal, boa capacidade respiratória e controle motor. Contrapondo aos modelos biomédicos de atenção à saúde, que, por vezes, não levam em consideração os aspectos culturais, sociais e psicológicos nas atividades de promoção, proteção e prevenção da saúde. As Práticas Integrativas e Complementares de Saúde (PICS) surgem com uma proposta de cuidado integral à população. Em 2017, a dança circular foi incluída, como uma das PICS, para o cuidado no Sistema Único de Saúde (SUS), através da Portaria 849/2017. A dança circular é uma prática corporal que, através da dança de roda, é capaz de criar o auxílio mútuo e a igualdade, promovendo o bem-estar físico e mental e que tem como objetivo promover atividade em mulheres com dor lombar e proporcionar melhora na qualidade de vida e funcionalidade das usuárias da Atenção Básica.Desenvolvimento do trabalho: O presente trabalho, relata um "grupo de coluna", desenvolvido na atenção básica, no município de Iúna, Espírito Santo. São desenvolvidas técnicas de pilates solo e dança circular, com o intuito de promover atividades em grupo de modo a melhorar a funcionalidade e a qualidade de vida das mulheres com dor lombar, bem como diminuir fila de espera e demanda reprimida, favorecendo uma abordagem multiprofissional. Foi realizada uma análise prévia do território, seguida de uma avaliação da demanda reprimida e fila de espera para fisioterapia, deste modo nasce o grupo de coluna. Como a maioria dos encaminhamentos são mulheres, contactadas via Agente Comunitário de Saúde (ACS), no primeiro contato, é realizada avaliação física permitindo a usuária entender sua condição de saúde para além da estrutura lesionada. A maioria apresentava dor lombar crônica, chegavam via encaminhamentos da médica da unidade ou ortopedista e outras foram se achegando por ouvir falar do grupo. O grupo tem início no dia 30 de agosto de 2022 com atividades 2 vezes na semana com duração de 60 minutos, sendo desenvolvidas em um campo de futebol, ao ar livre, em contato com a natureza. em contato com a natureza, sendo um local de fácil acesso. O gramado permitiu o desenvolvimento das técnicas de pilates solo e a dança circular que agregou uma melhor integração, uma leveza e ludicidade aos encontros. E aqui compreende a equipe multiprofissional com o apoio da psicóloga que tem trabalhado questões relevantes sobre diferentes níveis de ansiedade e depressão. A atividade inicia com a dança circular, momento de integração e ludicidade. Faz-se a roda, é um momento de partilha, de relatos a respeito da dor, das funções diárias, do que deixou de fazer por conta da dor, dos movimentos limitados, momento também de educação em saúde. A música e os passos são treinados previamente, dança-se a música e aos poucos vão internalizando os movimentos. Em seguida técnicas de pilates solo, iniciando com exercícios respiratórios e pratica dos movimentos como: Hundred; Roll up; One Leg Circle; Rolling Like a Ball; Single Leg Stretch; Double Leg Stretch; Spine Stretch The swimming; single leg kick; além de técnicas de alongamentos e reforço muscular global. As atividades são intercaladas entre o básico e o intermediário, utilizando diferentes os recursos que nos são disponíveis como, colchonetes e tapetes, bola dente de leite, cabo de vassoura e garrafinha de areia para simular um halter. O grupo é composto de mulheres com idade entre 23 e 78 anos, trabalhadoras rurais e do lar. Na avaliação física, utilizamos um instrumento de avaliação de dor disponível é a Escala visual analógica (EVA), bem como as fichas de relatos na roda de conversa e grupo de whatsApp para manutenção das atividades propostas e esclarecimentos das possíveis dúvidas.Resultados: Os exercícios buscam uma melhora da amplitude articular, flexibilidade, força, coordenação motora, melhora da funcionalidade e qualidade de vida. A execução dos movimentos é mais harmônica, com melhora significativa da força e mobilidade, impactando na diminuição do quadro álgico. O método surge com o objetivo de integrar corpo e mente, parece que nesse relato foi potencializado com a PICS com a proposta da dança circular. A dança circular tem proporcionado melhor integralidade do ser, favorecendo a criação de vínculos, relaxamento e ludicidade. No decorrer das atividades propostas no grupo, foi observada uma adesão significativa, visto que já passaram pelo grupo mais de 100 mulheres com algum histórico de dor lombar. Pela Escala Visual Analógica (EVA), é notória a melhora do quadro álgico, visto que chegavam com EVA variando 10 a 8, e hoje classificam EVA 1 ou sem dor. Em nossas rodas de conversa, elas relatam melhora na funcionalidade, melhora do quadro mental e psicológico e melhora da qualidade de vida. Houve ainda, uma diminuição de consultas das usuárias, relatado pela médica da unidade. Bem como, diminuição do uso de anti-inflamatórios e consultas com queixas osteomusculares.Considerações finais: O grupo oferece ações de promoção, prevenção e reabilitação dos agravos relacionados à dor lombar, favorecendo o cuidado integral, de modo a restabelecer as atividades limitantes como: varrer e passar pano na casa, abaixar e pegar peso, levantar da cama e da cadeira, ficar em pé e deambular. Destaca-se ainda uma melhora da força, da flexibilidade e controle motor. Em consequência as usuárias encontram-se mais animadas, contrapondo os quadros de tristeza, depressão e ansiedade. Tem criado vínculos, experimentam uma vida mais social, trazendo mais animação ao cotidiano, relatando mais funcionalidade e melhora da dor. Por tanto, a proposta terapêutica, pilates associado a dança circular, proporciona uma experiência holística que aborda aspectos físicos, emocionais e sociais. Ao incorporar essa prática como parte de um plano de tratamento para a dor lombar, as usuárias podem e beneficiar não apenas em termos de alívio da dor, mas também de melhoria na qualidade de vida geral.
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