A depender das limitações e das potencialidades que a criança/adolescente com deficiência tenha, ela pode precisar de auxílio na realização de atividades cotidianas, carecendo do apoio de terceiros. Geralmente, quem assume essa responsabilidade são os seus familiares, que dedicam significativo tempo e energia na assistência ao familiar com deficiência. Perante isso, a vida desses sujeitos costuma ser atravessada pelos cuidados direcionados à pessoa com deficiência, repercutindo em impactos no seio familiar, bem como para cada um de seus membros. Assim, objetivou-se conhecer os impactos na saúde mental que o cuidado com crianças/adolescentes com deficiências podem gerar nos seus familiares. Para tanto, foi realizada uma pesquisa bibliográfica de abordagem qualitativa. Os materiais que integram este estudo foram publicados entre 2014 e 2024, sendo encontrados através dos descritores “saúde mental”, “deficiência”, “família” e “cuidadores” nas bases de dados Lilacs e SciELO. Como resultados, constatou-se que o cuidado com o membro familiar com deficiência repercute na vida de seus cuidadores em diversos âmbitos, destacando-se o financeiro, o social, o lazer e o trabalho. Além disso, foram constatados afetamentos tanto na saúde mental como na física dos cuidadores, tal como dores, estresse, cansaço, ansiedade e depressão. Somando-se, foi amplamente reforçado que, muitas dessas dificuldades relacionadas ao cuidado poderiam ser atenuadas com a existência de uma rede de apoio aos cuidadores da pessoa com deficiência. Esta rede pode ser composta por membros da família mais ampla, como tios e avós, assim como por amigos e vizinhos. No entanto, o que frequentemente é visto são mulheres, geralmente mães, como as principais encarregadas pelos cuidados com a criança ou adolescente com deficiência, realizando essa atividade com ínfimo apoio. Diante disso, revela-se o impacto das influências socioculturais que, usualmente, delegam ao gênero feminino essa responsabilidade de cuidado. Em acréscimo, a questão do preconceito esteve presente em vários dos estudos encontrados, os quais apontam como os grandes vetores de alimentação de comportamentos discriminatórios o desconhecimento por parte da população sobre a deficiência e a falta de políticas públicas voltadas à superação de estigmas. Portanto, mostrou-se fundamental a presença de uma rede de apoio estruturada que permita ao familiar-cuidador poder compartilhar a responsabilidade de assistência à pessoa com deficiência, possibilitando que este consiga realizar outras atividades, como o trabalho e o lazer. Indo ao encontro disso, observa-se a necessidade de intervenções e de acompanhamentos multiprofissionais em saúde sobre esses familiares cuidadores, visando a prevenção e promoção da saúde deles, uma vez que, por investirem tanto tempo e energia na assistência às crianças/adolescentes com deficiência, tendem a negligenciar a si mesmos. Como muitos desses familiares dependem da estrutura do SUS para o tratamento das pessoas com deficiência, as ações em saúde para os cuidadores podem ser realizadas paralelamente às consultas. Diante disso, frisa-se a necessidade da ampliação de políticas públicas voltadas tanto para o cuidado desses familiares quanto para a conscientização da população acerca das deficiências, visando uma efetiva inserção delas no seio social.