APRESENTAÇÃO: este relato de experiência tem por finalidade avaliar a intermediação da atenção primária no conflito educacional e familiar vivido por crianças autistas que sofrem obstáculos no processo de aceitação escolar. Mediante acompanhamento de estudantes de medicina nos estágios em uma Unidade de Saúde da Família (USF) foi possível identificar tal problemática e como isso pode repercutir em diferentes contextos da vida da criança, mas principalmente no terapêutico e educacional. DESENVOLVIMENTO: na vivência do estágio uma criança de 7 anos, do sexo masculino, acompanhada da mãe e com comportamento imperativo e dificuldade de interação social foi afastado do ambiente escolar por ser agressivo e ter seletividade alimentar. Com isso, a mãe se mostrou preocupada pelo filho não estar sendo acolhido e isso dificultar ainda mais o seu prognóstico neuropsicossocial. Dessa forma durante a consulta com a médica a representante da escola relatou que a criança necessitava de um diagnóstico definitivo para assegurar o direito de ter um cuidador e frequentar regularmente a escola. A médica da USF cuidadosamente leu o relatório enviado pela direção escolar e encaminhou o paciente para um centro especializado para melhor condução do caso. RESULTADOS: a escola se mostra despreparada para assegurar os direitos educacionais, culturais e inclusivos a indivíduos com esse perfil. Com isso, foi possível observar que esse direito básico e inclusivo da criança estava sendo negado de forma veemente e a mãe, sem uma rede de apoio, viu na unidade de saúde um local de suporte para enfrentar aquele desafio imposto pelo ambiente escolar ao seu filho. É imprescindível uma responsabilização mútua, pois as necessidades biopsicossocioculturais da criança requerem um cuidado integrado da escola, da família e dos profissionais da saúde. Nesse caso, a atenção primária pode intervir como mediadora, de modo a ajustar e apresentar soluções práticas que levem em consideração a capacidade de oferta da escola e as recomendações dos profissionais de saúde. CONSIDERAÇÕES FINAIS: o relato atesta limitações profissionais e financeiras que proporcionem um acompanhamento continuado de crianças autistas em ambiente escolar. Além do que essa instituição deve ser uma aliada das crianças autistas no que tange à aplicação dos seus direitos conquistados. Pois, a natureza complexa do autismo frequentemente gera desafios na comunicação e na compreensão da criança, o que pode levar a conflitos entre a escola e a família. Portanto, a Atenção Primária a Saúde nesse contexto se mostra um intermediador preciso entre saúde e escola.