Fazer corpo e produzir cidade e cuidado em saúde: a experiência da Oficina de Dança e Expressão Corporal (ODEC) em São Paulo.

  • Author
  • Tatiana Alves Cordaro Bichara
  • Abstract
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    Este trabalho tem como objetivo pensar na formação para o cuidado em saúde a partir da ideia de fazer corpo e produzir cidade à luz da experiência da Oficina de Dança e Expressão Corporal (ODEC). A ODEC é um grupo aberto, heterogêneo, com encontros semanais no Centro de Referência da Dança de São Paulo (CRD/SMC-SP), existente há 23 anos e vinculado ao Coral Cênico Cidadãos Cantantes e ao Movimento de Luta Antimanicomial. Atua com base nos princípios: 1. ser um grupo heterogêneo, aberto continuamente a quem queira participar e gratuito, voltado para o exercício da convivência efetiva e compartilhada com a diferença; 2. pela ocupação dos espaços públicos por todas e todos, e, 3. com objetivo artístico de produção de uma arte coletiva em dança e expressão corporal, e com alcance terapêutico. A experiência da ODEC nos permite pensar nas ideias de “fazer corpo”, de “produção de cidade” e de “produção de cuidado” pelos encontros de composição de corpos múltiplos e plurais, em movimentos de criar, inventar e performar nos e com os espaços públicos e os demais corpos. Tendo o “grupo cama-elástica” (BICHARA, 2020), que impulsiona para o fora e ampara na queda, como base para a formação, e, o exercício coletivo dado pelo exercício de “expor-se à experiência” (LARROSA, 2002) dos encontros com o dançar, o fazer trânsito dentro-fora, o deslocar o corpo instrumental ao corpo sensível e o mover-se com e pelas tensões, disputas, paradoxos e contradições que atravessam a micropolítica do cuidado em saúde, os corpos “ganham espessura” pelos encontros com outros corpos e fazem “andar o pensamento” nessa fronteira dos limites e das permeabilidades das relações e dos movimentos dos gestos (BARDET, 2018). A noção de “acorpar” (BARDET, 2018) como formas múltiplas de abraçar, “tecer um consolo coletivo com a transmissão de uma fúria” (BARDET, 2018, p. 26) e de reconhecer a emergência de outras políticas e poéticas pela potência dos corpos juntos no lugar que ocupam, é um ato de tomar corpo, de situar-nos entre os corpos que afetam e são afetados (ESPINOSA, 2009), de constituir-nos na esfera pública pelos corpos juntos, criando estéticas-éticas-políticas que provocam o instituído e inventam possíveis, imprimem memórias e biografias múltiplas plurais nas cidades e criam comum.

     

  • Keywords
  • fazer corpo, produzir cidade, produzir cuidado, formaçao para o trabalho em saúde
  • Subject Area
  • EIXO 5 – Saúde, Cultura e Arte
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