O projeto Saúde do Campo em Áreas de Reforma Agrária da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB) surge da iniciativa de algumas professoras e estudantes em construir um cuidado em saúde pautado, assim como o SUS, na equidade, na universalidade e na integralidade, atuando em conjunto ao Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). O projeto promove, desde os semestres iniciais do curso, o contato das estudantes com a práxis da educação popular em saúde, a luta pela reforma agrária e a valorização de saberes tradicionais no cuidado em saúde. Através de atividades de formação e de práticas coletivas e individuais de cuidado, como a atenção domiciliar, a construção de genogramas e ecomapas, além da abordagem comunitária com a territorialização, somado aos métodos clínicos centrados na pessoa que atravessam todos os processos. A extensão tem contado com a atuação de professores, estudantes e profissionais da estratégia de saúde da família para diminuir as barreiras de acesso a saúde de assentados e acampados do MST na região Baixo Sul da Bahia desde 2019, formando ,assim, profissionais capacitados para lidar com as especificidades da população do campo. Dentre as principais atividades desenvolvidas pelo projeto podemos citar cursos de formação orientados pela Política Nacional de Saúde Integral das Populações do Campo, da Floresta e das Águas; a Feira da Reforma Agrária que acontece no Centro de Ciências da Saúde da UFRB em parceria com os assentados que trazem para dentro da universidade sua produção agrícola e artesanatos, além dos seus saberes tradicionais, suas práticas de cuidado em saúde e várias questões referentes a complexidade ética e política da luta pela reforma agrária; e o Estágio nomeado de Imersão na Saúde do Campo. Esta última atividade tem sido norteadora dos projetos construídos pelo grupo, caracterizando-se como uma atividade interdisciplinar, com estudantes e professores da Enfermagem, Medicina, Nutrição, Psicologia e do Bacharelado Interdisciplinar em Saúde, que promove a convivência direta dos estudantes com a comunidade e suas práticas tradicionais, o território e seus determinantes sociais, durante o período que varia de três a sete dias dentro de uma área de reserva de mata atlântica, ofertando serviços como Práticas Integrativas e Complementares em Saúde, visitas domiciliares, oficinas de educação popular em saúde e atendimentos voltados às necessidades imediatas da população. Dessa forma, o projeto tem um caráter formativo entendido como imprescindível pelos estudantes frente a sua construção como profissionais do SUS, permitindo desde os semestres iniciais o contato com a rede de saúde, os princípios do sistema, a educação popular e os saberes tradicionais, contribuindo para a autonomia e capacitação dos mesmos frente às particularidades dessas populações, e assim formando profissionais para o SUS.