Essa pesquisa tem, enquanto proposta, apresentar o trabalho desenvolvido em um dos grupos terapêuticos, de uma Unidade Básica de Saúde do Distrito Federal, o Grupo de Mulheres. Tal grupo foi implementado por residentes do Programa Multiprofissional em Atenção Básica da Fiocruz Brasília. Apresenta, enquanto público-alvo, mulheres, a partir dos 18 anos, de qualquer território do Distrito Federal e entorno; e é realizado semanalmente em um espaço comunitário do território da UBS. Sendo um espaço desenvolvido para o fortalecimento feminino, a partir de uma lógica da interseccionalidade, em que contextos de gênero, raça e classe se atravessam e impactam a experiência e a vida das mulheres. Trabalhar com um grupo, no contexto da Atenção Básica (AB) é imergir na territorialidade que compõe a AB e os processos de apropriação-desapropriação que os sujeitos fazem dentro do território que ocupam. A criação de um grupo focado no público feminino é movido por um desejo da pesquisadora, em possibilitar um espaço de partilha e construção-reconstrução coletiva. Um espaço em que o nós se configura enquanto categoria primordial, em que os caminhos traçados pelo grupo sejam construídos em coletivo e não apenas por aquela que se coloca enquanto mediadora. Um grupo que tem, enquanto fundamentação, a convivência, a partir dos moldes da Educação Popular em Saúde. A convivência enquanto fundamentação para o Grupo de Mulheres, parte do princípio de entender a convivência enquanto importante estratégia de desenvolvimento de cuidado por meio de bases territoriais e comunitárias. Trabalhando algo primordial nos processos de subjetivação e coletivização dos sujeitos, o contato genuíno e efetivo com o outro e a construção de bases de uma ordem coletiva. Trabalhar a convivência perante um grupo terapêutico é atuar frente a autonomia e emancipação dos sujeitos, assim como a formação de vínculos e laços efetivos. O grupo de Mulheres apresenta, enquanto ferramenta, atrelada ao contexto da convivência, a Educação Popular em Saúde. A Educação Popular em Saúde, implementada pela Política Nacional de Educação Popular em Saúde do Sistema Único de Saúde (PNEPS-SUS) em 2013. Visa a valorização dos saberes populares e da participação efetiva dos sujeitos nos processos de participação popular em saúde. Fortalecendo o diálogo entre saberes técnico/acadêmicos e saberes populares, a importância de sua inserção no cuidado em saúde. Portanto, o grupo apresenta um diálogo com a Educação Popular, ao valorizar os conhecimentos produzidos pelas mulheres, ao apresentar o afeto como importante ferramenta de aprendizado e de promoção de saúde e a fim de efetivar processo libertadores e de fortalecimento das mulheres enquanto sujeitos de direitos. Enquanto resultados, observa-se a promoção de autonomia, responsabilização e vínculo perante as participantes. A produção de sujeitos mais ativos nos seus processos diários, possibilitando a compreensão dos impactos das desigualdades de gênero, raça e classe e a possibilidade de construção de estratégias coletivas. Apresentar um grupo de mulheres como ferramenta de saúde no campo da Atenção Básica, evidencia o compromisso da Saúde Pública perante a desigualdade de gênero e o impacto nos processos de saúde das usuárias.