Na Atenção Primária à Saúde nota-se uma defasagem nas ações que visam a atenção integral a saúde dos adolescentes. As práticas são fragmentadas, modelos biomédicos ainda se fazem presentes desconsiderando os aspectos biopsicossociais, bem como a singularidade dos adolescentes. O estudo teve como objetivos conhecer as percepções da equipe de saúde da família sobre adolescência, descrever as práticas de cuidado com adolescentes na Estratégia Saúde da Família, identificar práticas promotoras de saúde aos adolescentes, evidenciar dificuldades e potencialidades para a atenção a saúde dos adolescentes. Trata-se de pesquisa descritiva-exploratória de abordagem qualitativa. Participaram do estudo 33 profissionais das equipes de saúde da família de seis unidades básicas de saúde da família de um município do estado de São Paulo. A coleta de dados foi realizada por meio de entrevista oral, gravada em áudio, utilizando um roteiro semiestruturado. Para a análise dos resultados foi adotada a análise temática de conteúdo. A maioria dos profissionais percebe a adolescência como uma fase de transição entre a infância e a idade adulta. Os aspectos psicossociais que permeiam o adolescer, assim como a influência do grupo e da rede de apoio nessa fase da vida foram considerados por oito entrevistados. Dentre as práticas de cuidados com adolescentes, a ausência de práticas específicas voltadas para esse grupo da população foi consenso entre os participantes, evidenciando lacunas na atenção integral à saúde dos adolescentes. A educação em saúde foi elencada como a principal atividade de promoção da saúde realizada com adolescentes. A adesão às atividades realizadas nas unidades de saúde da família foi a principal dificuldade relatada. No entanto, o potencial dos adolescentes como agentes multiplicadores de informações de saúde foi ressaltado. A integração de programas de educação em saúde nas escolas e o empoderamento dos adolescentes para se envolverem na promoção de sua própria saúde surgem como estratégias promissoras. Portanto, é fundamental reconhecer a importância de uma atenção à saúde centrada no adolescente e adaptada às suas necessidades específicas para avançar na construção de uma sociedade mais saudável.