A cárie na primeira infância corresponde à presença de uma ou mais superfícies cariadas, perdidas ou restauradas devido à ação cariogênica em qualquer dente decíduo de crianças com menos de seis anos de idade. É uma doença dinâmica e multifatorial, cuja etiologia é determinada por fatores biológicos e modulada por fatores modificadores, como os determinantes socioeconômicos. Diante do exposto, este estudo teve por objetivo revisar a literatura sobre a influência de fatores socioeconômicos na prevalência de cárie dentária em pré-escolares brasileiros. Tratou-se de revisão integrativa da literatura, descritiva e exploratória, com abordagem qualitativa, realizada em abril de 2024 nas bases de dados Literatura Latino Americana e do Caribe em Ciências da Saúde e Bibliografia Brasileira de Odontologia, acessadas via Biblioteca Virtual em Saúde. Para a pesquisa, foram utilizados os descritores: “cárie dentária”, “pré-escolares” e “fatores socioeconômicos”, combinados com o operador booleano “AND”. Foram incluídos artigos com texto completo disponível, nos idiomas português e inglês e publicados entre 2017 e 2024. Das 41 publicações localizadas, 12 artigos científicos foram analisados na íntegra, após leitura dos títulos e resumos. Os achados apontam para associação entre o nível de vulnerabilidade social experienciado pelas crianças e a prevalência de cárie dentária na primeira infância. Embora com diferenças, a privação social aumenta a probabilidade de lesões cariosas, com maior índice de ataque da cárie na dentição decídua. Verificou-se a polarização da doença nos grupos em situação de maior vulnerabilidade socioeconômica, aqueles caracterizados por uma menor renda familiar, menor nível de educação e instrução acerca de saúde bucal e medidas preventivas, dificuldade de acesso a serviços odontológicos e piores condições de higiene oral. Considerando-se que os fatores socioeconômicos interferem na prevalência de cárie dentária em pré-escolares brasileiros, ao atuarem como fatores de risco modificadores da progressão e severidade da doença, se faz necessária a adoção de medidas de promoção da saúde, prevenção e tratamento das lesões levando-se em consideração os determinantes sociais da saúde. Pessoas em situação de vulnerabilidade social devem ser priorizadas em ações relacionadas aos cuidados em saúde bucal, programas e políticas públicas, com vistas à equidade e integralidade do cuidado bucal.
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