Apresentação:
Os Consultórios na Rua (eCR) foram criados em 2011 pela PNAB. Atualmente, há 171 eCR no Brasil, com aproximadamente 1.500 profissionais. Neste cenário, o conjunto de informações sobre as eCR é ainda incipiente, sobretudo informações que possam contribuir com a definição dos objetivos e da resolutividade esperada, além de critérios para o monitoramento e a avaliação para as equipes. Neste contexto, o objetivo da pesquisa foi o de sistematizar e debater as noções de objetivo, resolutividade e critérios de monitoramento e avaliação presentes na literatura, no registro das práticas das eCR e junto aos atores envolvidos (pesquisadores, gestores, trabalhadores e usuários).
Desenvolvimento do trabalho:
A metodologia adotada para tal seguiu três passos. Revisão documental e na literatura científica sobre estas equipes, a fim de obter um mapeamento sobre os sentidos conferidos às noções de objetivo, resolutividade e critérios de monitoramento e avaliação das eCR. Na sequência, foi analisado um conjunto de dados do Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde, além de quatro fichas do prontuário eletrônico da AB (e-SUS AB). Por fim, foram realizadas 28 entrevistas com os atores envolvidos diretamente com as práticas das eCR nas cinco regiões do país, para obter a posição e os sentidos e significados dos atores sobre as noções estudadas.
Resultados:
A imersão no universo das eCR revelou que ainda é tímida a literatura sobre os objetivos, a resolutividade e os critérios de monitoramento e avaliação para as eCR. O principal tema foi o acesso (da PSR à AB e ao SUS, ampliando a resolutividade da eCR e reforçando a eCR como equipe de AB nas redes locais). As práticas mapeadas no e-SUS AB e as entrevistas apontaram para o aumento de enfermeiros e médicos nas equipes como uma questão a ser analisada, com efeitos na organização do processo de trabalho da equipe, além da necessidade de construção de um olhar específico para as mulheres em situação de rua e para as pessoas com problemas na relação com álcool e outras drogas.
Considerações finais:
As trocas com os campos estudados (literatura, prontuário eletrônico e os atores envolvidos) mostraram que as eCR transitam por muitas fronteiras (as fronteiras das políticas públicas, entre a AB e a Saúde Mental, entre os campos do conhecimento e entre a sociedade civil e as políticas públicas). Por esta característica junto à sua trajetória no SUS, mais do que delimitar fronteiras, as eCR podem ser ponte, provocando e sustentando conexões.