O programa de Residência em Gestão do Grupo Hospitalar Conceição insere os residentes em contextos complexos que apresentam a emergência de distintos conflitos. O contexto tende a exigir e colaborar com o desenvolvimento de habilidades e conhecimentos que contribuem com os atos de gestão. O objetivo deste trabalho é refletir sobre uma proposta de intervenção formativa para residentes do Programa de Gestão em Saúde. Toma em análise um conjunto de vivências que aconteceram entre 2022 e 2023. Somado ao contexto dos cenários de prática, dos quais emergem situações que os implicam, os residentes contam com uma interlocução constante, preceptores externos aos campos que atravessam a experiência da residência e garantem uma sobreposição de perspectivas oriundas de suas diferentes trajetórias. Refletindo sobre o trânsito dos residentes entre os atores implicados na gestão e considerando assim a complexidade de uma formação integral voltada à Gestão em Saúde, acolheu-se a necessidade de fazer corpo junto às experiências ofertadas aos residentes, muitas vezes repletas de abstrações distantes. Aqui, utilizo-me da ideia de fazer corpo como processo e resultado de uma aprendizagem a partir dos movimentos de mímese e de criação vividos no campo. Fazer corpo individual passa por realizar atividades que requerem imersão corpórea atenta, abandonar a sala e ir ao sol. Neste sentido procurou-se conduzir os residentes às vivências de campos relacionados aos conceitos e conceituações discutidas nos espaços teóricos. Embora a Residência seja compreendida como necessariamente vivencial, o Programa de Residência em Gestão por vezes pode afastar os corpos, dado as disposições impostas muitas vezes à atividade de Gestão. A sala distante - que pode trazer o conforto do ar condicionado - também pode, por vezes, calcinar com suas planilhas e reuniões. Assim, entre 2022 e 2023 foram organizadas inserções, ou, visitas técnicas com os residentes do programa de Gestão em Saúde, sendo elas, ao Centro de Atenção Psicossocial Álcool e Drogas, onde ocorreu uma roda de conversa com uma redutora de danos; ao Centro de Atenção Psicossocial Adulto, onde uma usuária facilitou uma oficina de encadernação; ao GerAção/POA - Oficina Saúde e Trabalho (serviço de geração de renda voltado a usuários da rede de saúde mental do município de Porto Alegre) onde foi realizada uma visita técnica com facilitação de uma servidora e uma usuária; e por fim, uma vivência na Horta Comunitária da Lomba do Pinheiro, espaço de agricultura urbana voltado a atividades relacionadas a educação ambiental e soberania alimentar. Sobre a experiência, residentes de gestão afirmaram que “estar ali e nos demais espaços foi importante para reafirmar a nossa discussão recorrente de que não há possibilidade de pensar a gestão de forma efetiva sem conhecer a sistemática e a pluralidade da assistência”. Pensar Gestão exige aprender a produzir corpo individual e coletivo, o que pode ocorrer pela vivência, no encontro, também com as senhas de sistemas, fórmulas em tabelas. Ativar os corpos para que relacionem as experiências precisa ser a proposição daqueles que pensam os processos formativos.