APRESENTAÇÃO
As Práticas Integrativas e Complementares em Saúde (PICS) são recursos que ajudam a melhorar a saúde, valorizando a identidade de cada pessoa e estimulando uma análise mais cuidadosa sobre as diversas facetas do ser humano e as vivências relacionadas à doença, cuidado e recuperação da saúde.
A Educação Permanente na área da Saúde (EPS) é essencial para promover a potencialização do cuidado através do aprimoramento dos conhecimentos e habilidades dos profissionais da saúde trazendo à tona, por exemplo, o uso das terapias complementares. Sendo assim, a EPS é essencial para estimular a utilização de terapias complementares, aprimorando o conhecimento e as habilidades dos profissionais de saúde.
A necessidade de utilizar a EPS como forma de capacitação é ressaltada pela urgência em habilitar os profissionais para a utilização das PICS, devido à sua relevância no cuidado completo aos pacientes e à qualificação essencial em saúde para os profissionais.
Dessa forma, o objetivo deste estudo é discorrer sobre a relevância da EPS na capacitação dos profissionais da área de saúde no âmbito das terapias complementares, enfatizando os ganhos da educação permanente para aprimorar a assistência aos pacientes e promover a valorização das terapias alternativas no sistema de saúde. Assim, é possível fortalecer os sistemas de saúde, contribuindo para educação e capacitação profissional de modo a promover maior inclusão social. Além do mais, essas ações em conjunto tem o potencial de favorecer o desenvolvimento de práticas inovadoras que promovam um cuidado humanizado à população, alinhado as metas dos objetivos de desenvolvimento sustentável da Organização das Nações Unidas (ONU), tanto para a promoção da saúde e bem-estar, como para a educação de qualidade.
DESENVOLVIMENTO
Foi realizado um estudo bibliográfico que consistiu em uma análise crítica da literatura científica. Para a execução deste estudo, foram efetuadas pesquisas nas bases de dados Lilacs e Scielo. O método de pesquisa foi ajustado de acordo com cada base de dados, utilizando operadores booleanos e filtros disponíveis. Os descritores em português "Práticas Integrativas e Complementares" AND "Educação Permanente em Saúde" foram os termos utilizados para a busca dos artigos.
Foram selecionados para leitura e análise crítica, os artigos científicos que foram publicados no período de 2019 a 2024, que abordaram o uso de Práticas Integrativas e Complementares em Educação Permanente na área da Saúde. Foram excluídos artigos que o objeto do estudo não possuía relação com a área da saúde.
Primeiramente, foi feito uma leitura dos títulos e resumos para verificar os critérios de elegibilidade, os artigos duplicados na base de dados foram removidos e um total de 8 artigos foram selecionados para análise crítica. Também foi incluído na análise, além dos artigos selecionados, o relatório e o documento da Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares do Ministério da Saúde.
A pesquisa foi realizada com o apoio financeiro da Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação do Espírito Santo (FAPES) por meio do edital 04/2022- FAPES – PROAPEM.
Observou-se que a formação e treinamento em PICS é oferecida por intermédio de cursos rápidos oferecidos pelo Ministério da Saúde ou por outras instituições públicas e privadas, como as Secretarias Municipais de Saúde. Estes dados corroboram com as informações presentes em relatório oficial do Ministério da Saúde indicando que, no período de 2016 a 2019, cerca de 10 mil profissionais de saúde da atenção primária à saúde foram capacitados e receberam certificação em Auriculoterapia.
Por outro lado, há evidências científicas de que a formação especializada em PICS é escassa, assim como, a quantidade de profissionais qualificados para desempenhá-las. Os principais motivos relacionados a escassez de profissionais capacitados para executar as práticas são: ausência de apoio por parte da Gestão e dos colegas de equipe; sobrecarga de atividades na rotina laboral; falta de ênfase para a Promoção da Saúde; mudança para diferentes setores de trabalho e relocação para diferentes funções.
Um outro aspecto relacionado à questão mencionada anteriormente é a falta de verbas do governo federal para promover as terapias alternativas. A Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares estabelece diretrizes para incorporar essas práticas nos serviços de saúde, sendo responsabilidade do administrador local elaborar normas técnicas para integrá-las na rede de saúde do município.
Há evidências na literatura científica de que a escassez de conhecimento sobre as PICS se deve às falhas na capacitação profissional e na falta de atualização constante na área da saúde, o que acaba resultando na ausência de embasamento científico. Essa falta de informação pode levar a interpretações equivocadas sobre o tema, gerando desafios na implementação e minimizando a importância e abrangência das PICS.
Sabe-se que o treinamento especializado dos profissionais favorece a um maior aumento no número de profissionais que passam a recomendar e prescrever terapias alternativas após receberem uma formação específica, além do mais essa capacitação se torna um motivador para que os profissionais se aprofundem cada vez mais no tema.
De acordo com a literatura científica, são inúmeros os benefícios das PICS na área da saúde, o uso dessas práticas resulta em uma maior compaixão e conexão com os pacientes, o que acarreta em resultados clínicos mais positivos e uma maior satisfação por parte dos pacientes. Além disso, as PICS contribuem para a melhoria da qualidade dos cuidados oferecidos na atenção primária à saúde. Adicionalmente, a utilização de terapias alternativas pode ajudar a reduzir os impactos negativos causados pelo uso excessivo de remédios.
Dentro do exposto, observa-se a necessidade de fortalecer políticas educacionais para assegurar que os profissionais da saúde estejam mais capacitados de modo a integrar as PICS ao tratamento convencional, favorecendo a saúde e bem-estar do paciente. Essas ações são fundamentais para que no futuro, à medida que a inteligência artificial comece a dominar diversos cenários dos cuidados de saúde, possamos ter técnicas ainda mais fortalecidas, voltadas para o cuidado do paciente no Sistema Único de Saúde (SUS). Assim, a educação permanente em PICS pode representar uma chave crucial para a preservação e promoção da humanização do cuidado, de modo a valorizar o elemento humano essencial na saúde e garantido a sobrevivência dos SUS nos seus princípios de universalidade, integridade e equidade.
A Educação Permanente na área da Saúde é fundamental para o crescimento profissional, independência e habilidades de liderança na utilização das terapias complementares. Dentro desse cenário, torna-se essencial a presença de uma abordagem na Educação Permanente que possa suprir as falhas resultantes da formação acadêmica, promovendo mudanças nas atividades profissionais e na estrutura do ambiente de trabalho.
Assim sendo, a Educação Permanente na área da Saúde, integrada às Práticas Integrativas e Complementares em Saúde, oferece a oportunidade de analisar de forma crítica as práticas de cuidado, a gestão e o ensino, promovendo transformações nas interações, nos procedimentos, na saúde e nas pessoas, alinhando-se com a meta de oferecer assistência integral para além da visão puramente biomédica.
É necessário o fortalecimento de políticas públicas nessa área para que possamos assegurar a população uma abordagem mais humanizada, inclusiva e equitativa no sistema de saúde brasileiro. Estas ações, são essenciais a formação de uma sociedade mais justa e sustentável que respeite a diversidade e que atue na busca por um futuro melhor e mais saudável para todos.