Apresentação: Durante a adolescência, fase marcada por mudanças significativas no desenvolvimento humano, os jovens estão suscetíveis a diversas influências externas, incluindo aquelas relacionadas às escolhas alimentares. No entanto, nos últimos anos, tem-se observado um aumento preocupante no consumo de alimentos ultraprocessados por adolescentes, tendência que foi ainda mais acentuada durante o período pós-pandemia. Dessa forma, o objetivo deste trabalho foi analisar as características sociodemográficas e de estilo de vida associadas ao consumo de alimentos ultraprocessados por adolescentes de escolas públicas do interior da Bahia, considerando o contexto pós-pandemia da Covid-19. Desenvolvimento do trabalho: Este estudo faz parte do grupo de pesquisa "VIGIADOLEC" e consiste em uma investigação de corte transversal realizada com adolescentes de 15 a 19 anos, que estão matriculados em escolas públicas do município de Barreiras, Bahia. Os dados foram coletados entre setembro e dezembro de 2023. O desfecho analisado foi o consumo de alimentos ultraprocessados, associado às características sociodemográficas e ao estilo de vida dos participantes. A pesquisa contou com uma amostra mínima de 350 adolescentes e o projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal do Oeste da Bahia. Resultados: O estudo identificou que viver com um/a companheiro/a, possuir trabalho remunerado, usar aparelhos eletrônicos por mais de 4 horas por dia e consumir bebidas alcoólicas frequentemente estavam associados a um maior consumo de alimentos ultraprocessados. Não ter companheiro/a, não ter um trabalho remunerado, ser heterossexual, utilizar aparelhos eletrônicos por no máximo 1 hora por dia e não fazer uso de bebidas alcoólicas relacionou-se ao menor consumo de ultraprocessados. Adolescentes cujos familiares foram afetados pelo vírus da COVID-19 apresentaram um consumo reduzido de alimentos ultraprocessados. Considerações finais: Conclui-se que o aumento do consumo de alimentos ultraprocessados entre os adolescentes está associado a aspectos como moradia, disponibilidade de renda própria, consumo de bebidas alcóolicas e tempo dedicado ao uso de dispositivos eletrônicos. Neste contexto, a escola desempenha um papel crucial na promoção de hábitos saudáveis, com o envolvimento dos pais, incentivando a prática de atividades físicas e reduzindo o tempo gasto com eletrônicos, visando impactos positivos duradouros na saúde dos adolescentes. Além disso, destaca-se o papel fundamental do nutricionista como promotor de saúde, que pode utilizar o Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) e outras estratégias de Educação Alimentar e Nutricional (EAN) para promover uma alimentação saudável e equilibrada entre os adolescentes.