Introdução A Prática Interprofissional Colaborativa (PIC) pode ser definida como a ação de profissionais de diferentes áreas do saber, com objetivos semelhantes, tomando decisões de forma compartilhada, que buscam evitar a fragmentação do cuidado. Ainda existem poucos estudos acerca dos fatores que impactam positiva ou negativamente, as ações desta prática na Atenção Primária a Saúde (APS). Objetivo: Verificar as barreiras para a realização da PIC em profissionais de nível superior, na APS de municípios pequenos do Paraná. Metodologia: Trata-se de um estudo transversal quantitativo, realizado em 58 municípios com até 20 mil habitantes, vinculados a 5 regionais de saúde do estado do Paraná. Participaram da pesquisa profissionais de nível superior, atuantes na APS, dentre eles: dentistas, enfermeiros, médicos, e as profissões: assistentes sociais, farmacêuticos, fisioterapeutas, fonoaudiólogos, médico veterinário, nutricionistas, profissionais de educação física, sanitaristas e psicólogos, que foram agrupados em uma categoria denominada “outros. Foi enviado por whatsapp ou email um formulário com 12 questões referentes a “Barreiras e facilitadores para a PIC”, subdivididas em eixos distintos: Fator condições de trabalho (estrutura física, carga de trabalho, organização do processo de trabalho e gestão/coordenação), fator composição das equipes e oportunidades para compartilhamento de conhecimentos (composição das categorias profissionais, oportunidades para compartilhar conhecimentos e oportunidades para aprender) e fator conhecimento, atitudes e habilidades (meu conhecimento, minha disposição, minhas habilidades para a PIC, meu conhecimento sobre funções dos profissionais e a receptividade dos usuários para o cuidado interprofissional). Os respondentes escolhiam, para cada afirmação, uma das seguintes opções: “não favorece a PIC”, “pouco favorece a PIC”, “não favorece nem dificulta a PIC”, “favorece a PIC” e “favorece muito a PIC”. As respostas “não favorece” e “pouco favorece” foram consideradas barreiras. Para a análise dos dados, utilizou-se estatística descritiva. Resultados: A amostra foi composta por 292 profissionais. O sexo predominante foi o feminino (84,2%) e a maior frequência de tempo de atuação na APS foi de 1 a 5 anos (37,3%). A prevalência das barreiras variou entre 4,1% a 29,5%. As barreiras relacionadas ao fator condições de trabalho foram as mais pontuadas, sendo a estrutura física considerada como barreira por 29,4% dos profissionais (maior entre os enfermeiros - 36,9% - e menor nos médicos – 21%). A gestão/coordenação foi considerada barreira por 14,4% dos profissionais, destes, 21% dos médicos e apenas 6,1% dos dentistas. “As oportunidades que tenho para compartilhar meus conhecimentos” não foi considerada barreira por nenhum dentista, enquanto 12% dos “outros profissionais” apontaram esta barreira. Já “as oportunidades que tenho para aprender” foi apontada como barreira por 15,8% dos médicos, 9,1% dos dentistas, 7,1% dos enfermeiros e 10,1% dos outros profissionais. As variáveis menos apontadas foram: minhas habilidades para a PIC e meu conhecimento sobre funções dos profissionais. Conclui-se que a estrutura física foi a barreira predominante para a realização da PIC para todos os profissionais, com exceção dos médicos, para os quais a maior frequência foi a carga de trabalho (31,6%).