Formação cruzada em saúde: afetos formativos produzidos pela experiência de pesquisa na 17ª Conferência Nacional de Saúde.

  • Author
  • Lucas Cariboni Fontaine
  • Co-authors
  • Gabrielle Dunley de Figueiredo Nunes
  • Abstract
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    A construção do imaginário do Brasil, se deu através do entrecruzamento de diferentes histórias, culturas, encontros e desencontros entre povos. Os povos originários presentes na invasão dos portugueses, os negros trazidos de África durante a escravidão e os diferentes imigrantes que vieram em busca de riquezas, ou refúgio, aqui se encontraram e passaram a compor o que entendemos hoje como povo brasileiro. Nosso povo herda e gera diferentes expressões culturais de saberes, de estéticas e de práticas, inclusive de saúde, que passam a fazer parte da identidade nacional. Propiciar uma formação em saúde que contemple minimamente tamanha diversidade se torna algo desafiador e nos convoca a pensar em propostas que abracem, envolvam e se deixe ser envolvida por tamanha riqueza. Para isso, propomos neste trabalho uma visão formativa da experiência de pesquisa na 17ª Conferência Nacional de Saúde. Nosso objetivo consiste em interpretar como a experiência de participar da pesquisa “Saúde e Democracia: estudos integrados sobre participação social” suscitou variados atravessamentos que se cruzou com a nossa experiência e se revelou como potente processo de formação em saúde numa perspectiva ampliada e diversificada.

    Após a seleção dos pesquisadores foi oferecido pela Fundação Oswaldo Cruz, o curso “"Fazendo manhãs” para a saúde e para a democracia: participação social e políticas de saúde”, que teve como objetivo formar o respaldo teórico que orientou a atuação dos pesquisadores durante o trabalho de campo na 17º CNS. Durante a aplicação da pesquisa, através de uma metodologia ativa de formação, ao mesmo tempo em que estávamos executando a pesquisa, ouvindo os relatos dos entrevistados, nos relacionado com as pessoas, com os espaços e com os saberes, estávamos nos deixando ser atravessados por todos os afetos, olhares, emoções, conhecimentos e informações produzidas nesses movimentos. Simas e Ruffino, através da epistemologia das macumbas, entendem as produções de saberes através das alterações produzidas pelo que nos afeta da própria implicação com os diferentes saberes, esse processo é nomeado como cruzo. Sendo assim, podemos pensar numa formação cruzada em saúde como a experiência de formação produzida a partir das alterações e afetos forjados na implicação com os diferentes saberes presentes na 17ª CNS.

    Como resultados desse processo formativo podemos destacar o aprendizado produzido pelos afetos que promoveram alterações substanciais na experiência subjetiva dos pesquisadores, que passaram a contemplar a potencialidade da participação social na construção do SUS, a pluralidade e especificidades de saberes em saúde, os desafios do controle social, a importância dos processos democráticos na construção de políticas públicas e o potencial formativo da participação em uma pesquisa extensa em número de dados produzidos e estudantes e pesquisadores envolvidos como a realizada.

     O envolvimento na pesquisa nos fez acreditar na luta de uma saúde das massas, que seja acessível e compromissada com os movimentos sociais. Para que assim, nossa prática não se restrinja a reprodução da lógica eurocêntrica, hospitalocêntrica e elitista da saúde.  

     

  • Keywords
  • Formação, saúde, cruzo, macumbas, conferência
  • Subject Area
  • EIXO 1 – Educação
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