Este trabalho relata a experiência de enfermeiros da Estratégia Saúde da Família (ESF) no município Rio de Janeiro (MRJ), usando ferramentas padronizadas para qualificar, vigiar e monitorar casos de arboviroses.
As arboviroses, como Dengue, Zika e Chikungunya, são doenças virais transmitidas principalmente por mosquitos dos gêneros Aedes, Culex e Anopheles. Os sintomas surgem de 3 a 15 dias após a picada e incluem febre, mialgia, artralgia, dor retro-orbitária, astenia, enjoo, vômitos e exantema. Em casos graves, podem ocorrer sangramentos e complicações fatais. Essas doenças são mais comuns em áreas urbanas com alta densidade populacional, altas temperaturas e água acumulada. A prevenção exige medidas permanentes para controlar os focos dos vetores.
De acordo com o Ministério da Saúde (MS), no ano de 2024 o Brasil registrou 4.797,362 casos prováveis de dengue. Ainda de acordo com o observatório epidemiológico da cidade do Rio de Janeiro (EpiRio), o MRJ registrou no ano de 2024, o total de 76,476 casos a mais quando comparado ao ano de 2023, destacando o aumento significativo de números de casos suspeitos e confirmados no município. Tal incidência se justifica pelas condições socioeconômicas e sanitárias do MRJ.
O enfermeiro, como integrante da ESF, desempenha um papel crucial no controle desse agravo, especialmente através de práticas educativas que promovem mudanças de hábitos. Suas responsabilidades incluem orientar, realizar procedimentos, encaminhar, coletar e registrar dados detalhados no prontuário do paciente, essenciais para o planejamento e execução dos serviços de Enfermagem. A vigilância epidemiológica, como eixo de prevenção, requer um sistema de notificação eficaz para desenvolver estratégias e ações em regiões endêmicas.
No MRJ, a análise epidemiológica e o monitoramento de arboviroses são realizados através de uma plataforma da Subsecretaria de Promoção da Saúde, Atenção Primária e Vigilância de Saúde (SUBPAV). Esta plataforma centraliza informações sobre a situação epidemiológica, número de casos, incidência por área, atendimentos, internações, óbitos, e classificação de risco. Também inclui notas técnicas, fluxogramas de manejo, polos de atendimento, fichas de notificação e uma calculadora de hidratação venosa, permitindo a criação de estratégias eficazes e adaptadas à realidade local.
O Prontuário Eletrônico do Paciente (PEP) - VitaCare é uma plataforma digital que reúne informações clínicas dos pacientes, essencial para a melhoria dos serviços e planejamento das ações de saúde. No MRJ, o PEP inclui uma aba específica para atendimento de arboviroses, permitindo o registro de informações como sinais, sintomas, data de início, vulnerabilidades e comorbidades. A ficha de notificação é gerada automaticamente através do PEP se ativado o CIAP/CID do agravo. A ficha vem contendo todos os dados pessoais do usuário, tendo a necessidade do preenchimento dos dados clínicos após impresso e seguimento a entrada no sistema SINAN online da notificação.
Durante a epidemia de dengue no MRJ em 2024, os instrumentos Vitacare e SUBPAV ajudaram os enfermeiros da ESF a melhorar o monitoramento e a vigilância dos casos. As ferramentas digitais agilizam os atendimentos, ampliam o cuidado e intensificam ações educativas, promovendo o engajamento comunitário e a elaboração de estratégias de saúde pública.