A Shantala, no âmbito da Atenção Primária à Saúde (APS) e das práticas integrativas e complementares, utiliza o toque como uma ferramenta de cuidado. Originária da tradição indiana e transmitida oralmente de geração para geração, essa prática milenar estabelece uma conexão íntima entre o cuidador e o bebê, visando à conscientização e ao fortalecimento dos vínculos afetivos, além de contribuir para o desenvolvimento motor, a consciência corporal e a redução do estresse, proporcionando uma experiência integrativa. O objetivo deste estudo é relatar a vivência de formação dos profissionais da APS Carioca na massagem Shantala. Durante o período de março a agosto de 2023, a Área Técnica de Práticas Integrativas e Complementares da Secretaria Municipal de Saúde do Rio de Janeiro promoveu a formação dos profissionais da rede em Shantala. A atividade foi planejada de maneira lúdica e interativa. Na inscrição, os profissionais foram orientados a utilizar roupas confortáveis, e o espaço para a aula foi preparado para permitir a realização da técnica entre os participantes. Foram realizadas 26 oficinas, com a participação de aproximadamente 486 profissionais do município do Rio de Janeiro. A vivência de formação de forma lúdica e integrativa mostrou-se fundamental para o desenvolvimento da aprendizagem. Ademais, a inserção do lúdico na proposta pedagógica favoreceu ainda a troca de experiência e a construção compartilhada de saberes. Precedendo a chegada dos participantes as bonecas utilizadas para demonstração eram dispostas sobre as cadeiras, facilitando a integração da turma. Além disso, antes de ensinar a massagem, os profissionais foram habilitados para desenvolver técnicas de respiração e automassagem que podem ser difundidas junto a gestantes e cuidadores. Embora a sequência completa de movimentos tenha sido realizada nas bonecas, todos os participantes foram incentivados a praticar a massagem entre si para experimentar tanto a execução da técnica quanto o recebimento do toque. Essa experiência de tocar e ser tocado em um ambiente propício para expressar livremente suas próprias impressões, dúvidas e sensações foi essencial para que os profissionais se sentissem mais confiantes em multiplicar esses saberes. Apesar de uma hesitação inicial por parte de alguns participantes em adotar abordagens que envolvam o toque, enfatizou-se a relevância de superar essas resistências, dentro do espectro das práticas integrativas, reconhecendo sua importância para promover a saúde holística. Após a sensibilização, evidenciou-se a transformação desses profissionais ao reconhecerem a satisfação intrínseca associada à experiência da massagem. Em meio ao encerramento das oficinas, foi solicitado que expressassem em uma única palavra o que sentiram, sendo as mais comuns: relaxamento, amor, aprendizado e cuidado. Dessa forma, as ações de educação permanente, numa perspectiva crítica e lúdica, estimulando a experimentação do que é ensinado, proporcionaram aos profissionais uma melhor compreensão ampliando a possibilidade de multiplicação do conteúdo aprendido. Nesse contexto a massagem Shantala emerge como uma estratégia para melhorar a integração entre profissionais, família e bebê, valorizando as relações entre a criança e seus cuidadores, não se limitando apenas à figura materna. A Shantala torna-se assim uma potente ferramenta de humanização do cuidado, promovendo uma visão sistêmica e integradora.
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