Introdução: O consumo de substâncias psicoativas, como álcool e drogas ilícitas, é um fenômeno complexo de etiologia multifatorial, com implicações significativas para os indivíduos, comunidades e sociedades. Nesse contexto, urge a construção de abordagens holísticas e sensíveis ao contexto urbano adscrito, promovendo a saúde, a segurança e o bem-estar de indivíduos e comunidades ao fomentar o acesso e o pertencimento ao território, entendendo o direito à cidade como fundamental a todos os cidadãos. Objetivos: Relatar e refletir sobre o processo de inserção e acesso à cidade, por indivíduos vulnerabilizados usuários de substâncias psicoativas, através do recorte de um grupo terapêutico que objetiva o acompanhamento e visita a pontos de acesso ao turismo, cultura, educação, lazer, arte do Rio de Janeiro. Metodologia: Este estudo busca trazer um relato da atividade terapêutica “oficina turística”, cujo desenrolar ocorreu através da visita a destinos turísticos e culturais do Rio de Janeiro. Como liderança, coordenando as reuniões e facilitando o acesso e organização das atividades, exercem esta função, uma enfermeira e uma técnica de enfermagem da unidade de saúde. Como público participante, foi definido usuários interessados e que apresentem meios para chegar aos destinos programados. Nos 2 meses de duração dessa oficina, com frequência quinzenal, houveram 5 encontros, em que: em um deles foi apresentado a proposta de oficina; em 2 encontros houve o planejamento da visita; e em 2 encontros houve a visitação do destino em questão. De maneira que, o primeiro destino desta atividade foi o Museu do Amanhã, no formato de visita não guiada, ou seja, usuários e profissionais de maneira autônoma puderam conhecer o espaço, como quaisquer um dos inúmeros grupos e indivíduos ali presentes, se misturando e fazendo parte do todo. O segundo destino foi o Museu Bispo do Rosário, espaço no qual, para além da rica experiência e os diversos sentidos encontrados e vividos, foi possível refletir sobre como é possível ressignificar o espaço onde se vive, através da disposição para tal. O cenário deste relato é um CAPS ad III localizado na Zona Oeste da cidade do Rio de Janeiro. Resultados: A realização dessa oficina é rica em seus (e)feitos. De maneira intrínseca, são alcançados resultados tanto pela ótica terapêutica, quanto pelo viés político, de modo que emergem na clínica produzida, de forma uníssona. Ao possibilitar acesso a uma realidade diferente de suas vidas atuais, através do acesso à cultura, lazer e arte, os indivíduos experimentam uma existência além dos paradigmas produzidos pelo abuso de substâncias. Junto a isso, através dos vários sentimentos e sensações experimentadas, através da simples contemplação, do transitar pelo território, foi possível experienciar a prática de cidadania. Paralelo a sensação de pertencimento, houve a produção de senso crítico. Conclusões: O paradigma existencial do usuário ad se resume a subtração de seus direitos; de sua dignidade; de sua existência. A oficina turística provou ter potência para romper com essa realidade, através de sua base terapêutica e emancipatória de fomento ao acesso à cidade, ao território e aos espaços.