Apresentação: Esta proposta iniciada em agosto de 2023 utiliza diretrizes constantes na Portaria nº 3.088/2011 - Rede de Atenção Psicossocial e da Política Nacional de Humanização de 2013, como princípios norteadores, tratando da intencionalidade na composição do dispositivo da ambiência/convivência. Inscreve-se como matriz da proposta, no modo como estão dispostas as cadeiras, mesas e outros objetos, que podem determinar e controlar os movimentos dos corpos, codificando a forma de atuação no ambiente que viabiliza o estabelecimento de relações de poder, entre usuários e profissionais, hierarquizando-as. Por conta desse determinismo, a presente proposta reconfigura a disposição das cadeiras em formato circular e da mesa encostada na parede, nas salas de atendimento. Para além da perspectiva de estrutura física, acompanha as diretrizes da RAPS e da PNH, respaldando-se nas bases territoriais e coletivas para propiciar o protagonismo, o acolhimento e o qualificar do cuidado. Desenvolvimento: Protagonizar e acolher os corpos em trânsito no serviço, apreendendo o corpo como sinônimo de pessoa, em um conceito que considera as singularidades, complexidades e características destes. Possibilitando-nos, o reconhecimento dos desejos dos usuários, a facilitação da resolutividade dos conflitos, a mobilização do papel ativo da pessoa em cuidado, a criação de propostas diferentes para a convivência entre profissionais e usuários, viabilizando proximidade e favorecer o sujeito no território. Alguns dos recursos técnicos para implementação foram considerados: - Programação da televisão de acordo com temáticas abordadas na semana pelos grupos (avaliar quais emoções, sentidos, lembranças e comportamentos em relação ao que se assiste; análise de desejos e necessidades das pessoas que não se identificam com o proposto, buscando estratégias para acolhê-las - importância de mais de um técnico em convivência); - Colocar músicas ou karaokê escolhidas por conviventes (compreender, ao menos um, critério de escolha da música; avaliar tecnicamente conviventes se relacionando com música escolhida pelo próprio ou por outro); e 3- Reconhecer se há convivente (inclui quem está à espera de atendimento) ansioso e angustiado em relação à dinâmica do serviço (realizar manejo de situação ofertando escuta, por exemplo, para colher informações e avaliar se é possível adotar outro recurso). Resultados: A instalação da proposta foi mapeada na reconfiguração espacial, em relação à disposição da mobília, cores dos espaços e artes visuais produzidas, e na maneira de facilitar as relações interpessoais e o exercício de habilidades psicossociais, no modo como a ambiência se dispõe para propiciar a convivência. Realizou-se a adaptação a fim de propiciar o acolhimento, o espaço com maior confortabilidade e favorecedora da experiência coletiva, incluindo a pretensão de sistematizar metodologicamente a avaliação técnica multidisciplinar e estratégias de intervenção. Considerações: A qualificação do cuidado em saúde mental prioriza a garantia dos direitos humanos, a proposta de convivência sistematizada, contribuiu com a instrumentalização para conviver com as diferenças, que é uma forma da própria preservação da vida, favorecendo o acolhimento, a experiência coletiva. As ações de reabilitação psicossocial registradas em dados passam de agosto/2023 com 3488 e em 2024 mais de 8.000 a implementação de temas transversais, sobre relações étnico-raciais e luta antirracista, dentre outras.