Introdução: O álcool é uma substância psicoativa com papel importante na carga de doenças e prejuízo social e econômico compatível com o volume consumido, padrões de consumo e qualidade do álcool, tendo propriedades capazes de causar dependência. Sua dependência é considerada uma doença crônica multifatorial, apresentando como principais sintomas o forte desejo de beber e não conseguir parar de beber depois de ter começado; enquanto o consumo abusivo ou beber pesado episódico (BPE), é definido como o consumo de 60 g ou mais de álcool puro, em pelo menos uma ocasião no último mês analisado. Relatórios apontam aumento no consumo abusivo de álcool na população geral de 18,4% para 20,8% entre 2021 e 2023, bem como aumento progressivo e significativo relacionado ao consumo por mulheres quando comparados os anos de 2010 a 2023, além do aumento de 24% nas mortes totalmente atribuíveis ao álcool no primeiro ano de pandemia pelo vírus Sars-CoV-2, apontando o objetivo do presente trabalho como detalhar os fatores de risco e para o consumo abusivo de álcool durante a pandemia, a fim de direcionar ações em saúde mental voltadas à população em risco. Metodologia: Revisão integrativa de literatura na base de dados Google Scholar, segundo os descritores do DeCS/MS “pandemia”, “abuso de álcool”, “saúde mental” e “fatores de risco”, alcançando 586 resultados no período de 2019 a 2022. Após leitura criteriosa dos títulos e resumos foram excluídos 427 trabalhos, enquanto os restantes foram lidos na íntegra para deliberar se respondiam ao objetivo da pesquisa. Ao final, foram escolhidos 8 artigos para compor a presente revisão integrativa. Resultados: Durante o período de confinamento, houve mudanças significativas no padrão de consumo de álcool relacionada à frequência e volume, sendo observado que, enquanto aspectos de socialização e a menor realização de eventos presenciais relaciona-se ao menor consumo de álcool, o seu aumento está associado a preocupações econômicas, sintomas psiquiátricos, sofrimento psíquico, processos adaptativos do período pandêmico, além dos impactos emocionais, físicos, psicológicos e sociais da maior convivência em círculos familiares disfuncionais. Foram identificados como fatores preditores de maior risco para o consumo abusivo de álcool a idade (jovens até 29 anos), gênero (homens), raça/cor (branca) e fatores socioculturais, psiquiátricos (aumento dos scores de ansiedade, estresse e depressão) e psicológicos (angústia, solidão e falta de convívio), estando relacionados ao aumento da vontade e do uso de álcool. Conclusão: Os resultados sugerem que o uso abusivo de álcool ocorra como uma forma de alívio para o sofrimento emocional causado pela pandemia, destacando a importância de abordagens de saúde mental e intervenções específicas para reduzir o consumo prejudicial de álcool durante os períodos de crise. A compreensão dos fatores preditores que contribuem para o consumo abusivo de álcool em períodos de exceção é essencial para desenvolver abordagens de prevenção e intervenção eficazes, garantindo que aqueles que estão lutando contra essa adição recebam o apoio necessário para superar tais desafios e serem reintegrados à sociedade, visando a proteção da saúde e bem-estar da população vulnerável.