Apresentação: A sífilis congênita (SC), cujo agente etiológico é a bactéria Treponema pallidum, refere-se a transmissão da morbidade infectocontagiosa ao feto, por via transplacentária. Nesse sentido, o rastreamento da sífilis durante o período gestacional é crucial para atenuar as manifestações clínicas, como o comprometimento do sistema nervoso central, hematológico e musculoesquelético, e ainda prevenir o aborto fetal. Desse modo, a execução da testagem de sífilis no primeiro e no terceiro trimestre - assim como, em situações de exposição ao risco - são capazes de identificar a chance de transmissão vertical e, portanto, evitá-la mediante a preconização de penicilina benzatina à gestante e ao parceiro sexual. Objetivo: Analisar a frequência dos casos de SC na região sudeste, correlacionando-os com o número de óbitos pela patologia notificada juntamente com a eficácia do pré-natal das gestantes no período de 2019 a 2023. Metodologia: Conduziu-se um estudo ecológico analítico dos casos notificados de SC com enfoque na região sudeste brasileira, observando a sua ocorrência por faixa etária materna. Além disso, incorporou-se à pesquisa parâmetros comparativos entre os óbitos desencadeados pelo agravo da SC, em associação com a eficácia do atendimento e orientação do pré-natal ofertado às gestantes, assim como a inclusão ou não do parceiro ao tratamento. Para isso, os dados do estudo foram obtidos virtualmente, por meio do DataSUS, utilizando o Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAM), os quais foram delimitados para geração de dados entre 2019 e 2023. Ressalta-se que houve o uso dos dados para os cálculos percentuais representativos de cada variável estudada, bem como para o risco relativo. Resultados: Observa-se que dos 114.447 casos diagnosticados de SC no Brasil, 50.661 representam exclusivamente a região sudeste do país, além de também quantificar um total de 41,62% dos óbitos desencadeados pela IST em estudo. Nessa perspectiva, foi verificada prevalência média de 11,48 diagnósticos de SC a cada 100.000 recém-nascidos, entre 2019 e 2023. Constatou-se também que houve maior notificações na faixa etária materna entre 20 a 24 anos, a qual reflete 36,31% do total notificado da região. Ademais, para os 42.047 casos em que foi realizado o pré-natal, houve 0,81% de óbitos, enquanto pelas 6.244 gestantes que não utilizaram do serviço, averiguou-se que houve 2,56% de falecimento pela infecção.Ou seja, o risco relativo da gestante que não realiza pré-natal resulta em uma probabilidade 3,16 vezes maior de óbito fetal, desencadeado pela SC. Aliado a esses pontos, identificou-se que para os casos confirmados de SC, em que houve pré-natal, apenas 21,93% dos parceiros sexuais receberam tratamento. Considerações finais: Diante do exposto, sugere-se que existe uma correlação intrínseca entre a prevalência de SC e as falhas na assistência pré-natal, bem como a não extensão do tratamento ao parceiro sexual e a ineficiência do monitoramento de exames laboratoriais, como o VDRL. Logo, disponibilizar educação sexual, oferecer treinamento aos profissionais de saúde e pré-natal qualificado são ações necessárias para atenuar a frequência de casos confirmados.