O poder das redes sociais na hesitação vacinal: uma revisão integrativa

  • Author
  • Fabíola Fernandes Bersot Magalhães
  • Co-authors
  • Jandesson Mendes Coqueiro , Fabiana Turino , Ariane Silva Carvalho , Carolina Strauss Estevez Gadelha , Izabelle Venturini Signorelli , Tatiane Comerio , Maria Angélica Carvalho Andrade
  • Abstract
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    A vacinação é reconhecida como um dos maiores avanços da humanidade em termos de saúde pública. No Brasil, o Programa Nacional de Imunização (PNI), criado em 1975, é expressão institucional de uma cultura de imunização, reconhecido internacionalmente por sua abrangência e conquistas. Sendo assim, reflexões e discussões são necessárias para contextualizar o PNI e a cultura da vacinação diante do fenômeno da hesitação vacinal, considerada pela Organização Mundial de Saúde (OMS) uma das dez ameaças mundiais à Saúde Pública. Indivíduos hesitantes compõem um grupo heterogêneo que possuem indecisões e desconfiança a respeito de vacinas específicas ou vacinação em geral, podendo chegar a atrasar ou mesmo recusar vacinas. De acordo com uma pesquisa de 2019, 13% da população brasileira deixou de se vacinar por conta de uma informação falsa, isso representa mais de 21 milhões de pessoas ou 7 a cada 10 brasileiros acreditando em alguma mensagem errada ou falsa sobre a vacinação. Essa disseminação de informações e orientações que contrariam o conhecimento científico, denominado pela OMS de infodemia, encontra nas redes sociais um terreno fértil e veloz de propagação, responsáveis por potencializarem a recusa à vacina e por estimularem o temor aos eventos adversos, o que afeta diretamente na procura da população pelos imunizantes. Apesar da forte adesão vacinal da população brasileira e avanços expressivos na erradicação de enfermidades imunopreveníveis ao longo do tempo, nas últimas décadas o país enfrenta crescentes quedas nas taxas vacinais com o reaparecimento de doenças até então, erradicadas. Diante desse cenário global, esse estudo objetivou analisar a produção científica, nacional e internacional, referente ao impacto que a desordem informacional, em especial via redes sociais, exerce sobre a vacinação e, discutir suas implicações na hesitação vacinal. Para tanto, realizou-se uma revisão integrativa de acordo com a questão norteadora: qual a influência da desinformação disseminada via redes sociais na não adesão vacinal? As buscas por artigos científicos disponíveis na íntegra e escritos em português, inglês ou espanhol foram feitas nas bases de dados Lilacs, SciELO, PubMed no período de 01 de janeiro de 2014 a 31 de janeiro de 2024 com os descritores: desinformação, redes sociais, hesitação vacinal e recusa vacinal. De um total de 143 artigos encontrados e, após análise de títulos e resumos de acordo com a temática pesquisada, foram selecionados 42 artigos para leitura na íntegra. Podemos considerar que está em curso um processo de deteriorização da confiança à vacina atingindo patamares inéditos, não exclusivo do Brasil, fortemente atrelado a um infodêmico de notícias falsas que atingem sociedades por meio de dispositivos eletrônicos e via redes sociais. A velocidade com que o desinformar se alastra, reverbera na dificuldade de seu enfrentamento. Assim sendo, destaca-se a importância de um maior número de pesquisas nessa temática, bem como ferramentas de monitoramento da produção e disseminação de desinformação em todas as áreas do conhecimento.

     

     

  • Keywords
  • Desinformação, Redes Sociais, Hesitação Vacinal, Recusa Vacinal
  • Subject Area
  • EIXO 2 – Trabalho
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