DOENÇAS CRÔNICAS NÃO TRANSMISSÍVEIS EM TRABALHADORES RURAIS: desafios para saúde pública

  • Author
  • Maiara Helena Rusch
  • Co-authors
  • Kauã Felipe Kunz , Elias Augusto Schaefer , Nicolas Ziemann de Almeida , Eduardo Morais Ribeiro , Patrik Nepomuceno , Miriam Beatrís Reckziegel , Silvia Isabel Rech Franke , Hildegard Hedwig Pohl
  • Abstract
  • Apresentação 

    As doenças crônicas não transmissíveis (DCNT) são um importante problema de saúde pública. Incluem doenças cardiovasculares, diabetes, câncer e condições pulmonares e renais crônicas. Dentre os principais fatores de risco estão tabagismo, alcoolismo, dieta inadequada e inatividade física. Além disso, determinantes sociais como educação, ocupação, renda e gênero contribuem para o aumento da prevalência e mortalidade por DCNT, logo grupos populacionais que demonstram vulnerabilidades sociais estão mais expostos a essas doenças.

    Nesse contexto, trabalhadores rurais podem podem apresentar uma carga maior de DCNTm uma vez que frequentemente as evidências apontam que esses possuem menor escolaridade, baixa renda, jornadas de trabalho extenuantes e difícil acesso aos seriviços e às práticas de promoção da saúde, especialmente devido as condições geográficas e de transporte. Essas condições associadas tornam ainda mais complexos e desafiadores a prevenção e o controle das DCNT nessa população.

    O conhecimento do quadro de saúde da população é fundamental para o planejamento de estratégias e programas que diminuam os agravos das DCNT. A identificação dos indicadores de saúde, das vulnerabilidades sociais e também dos fatores de risco relacionados ao aodencimento são cruciais para a avaliação das tendências das condições de saúde. Identificar essas questões também contribuí para o monitoramento de metas internacionais, como a agenda de 2030 dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável. Portanto, através do presente estudo, o objetivo foi identificar as condições socioecônomicas, estilo de vida e a prevalência de DCNT em trabalhadores rurais.

    Desenvolvimento do trabalho

    Trata-se de um estudo tranversal, com delineamento quantitativo e caráter descritivo, realizado com trabalhadores rurais que residiam em munícipios do Vale do Rio Pardo, Rio Grande do Sul, Brasil. Foram incluídos no estudo trabalhadores rurais que possuíssem mais de 18 anos e excluídos aqueles cujo o trabalho rural não era sua principal fonte de renda e aqueles que não estivessem em jejum a pelo menos 12 horas no dia da avaliação. O estudo seguiu todos critérios éticos para pesquisas com seres humanos, sendo aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa. A coleta de dados ocorreu entre maio de 2022 e  outubro de 2023. Todos participantes firmaram o Termo de Conscentimento Livre e Esclarecido, aceitando participar da pesquisa e foram informados da possibilidade de retirar sua anuência a qualquer momento, sem prejuízos. Na sequência foram iniciadas as avaliações. Dados sociodemográficos (idade, sexo, escolaridade e classe econômica) e de estilo de vida (atividade física no lazer, tabagismo e etilismo) foram obtdos por meio de um questionário. Foram considerados com DCNT os  trabalhadores com hipertensão arterial (HAS), doenças pulmonares ou renais crônicas, câncer, obesidade, dislipidemia e/ou diabetes melittus tipo 2 (DM2). A presença de HAS, doença pulmonar ou renal crônica e câncer foi determinada pelo autorrelato dos participantes e/ou pela ingesta de medicamentos para tratamento dessas condições.

    Foram coletados massa corporal e estatura para cálculo do índice de massa corporal (IMC), sendo consideraco obeso quem apresentasse IMC igual ou maior que 30kg/m². Foi coletada amostra sanguínea com o indivíduo em jejum de 12 horas para análise dos níveis de glicemia de jejum, high lipoprotein cholesterol (HDL-c), e triglicerídeos. Através da classificação destes, foi determinada a presença de DM2 e dislipidemia. Níveis de glicemia acima de 126 mg/dL foi considerado DM2; níveis de HDL-c reduzidos (<40 mg/dL para homens e <50 mg/dL para mulhere) e/ou triglicerídeos aumentados (igual ou maior que 150 mg/dL), foram  considerados com dislipidemia.

    Os dados foram analisados no Statistical Package for Social Sciences for Windows (SPSS, versão 23). Variáveis quantitativas foram descritas por média (x?) e desvio padrão (±) e categóricas por frequência absoluta (n).

    Resultados

    A amostra foi compsta por 99 trabalhadores rurais, dos quais 53 eram homens. A média de idade do grupo foi de 53,5 ± 13,1 anos. Mais da metade dos trabalhadores estavam com mais de 50 anos, destes 28 possuíam entre 51 a 60 anos e 35  mais de 60 anos. Entre os trabalhadores rurais predominou classe econômica C (n= 77), que representa a classe econômica média no Brasil. A maioria possuía ensino fundamental incompleto (n= 65), ou seja, não concluíram todos os anos correspondentes ao ciclo de ensino básico.

    Em relação ao estilo de vida, 75 declararam não tabagismo, 18 eram ex-tabagistas e 8 informaram ser tabagistas ativos. Quanto ao etilismo, 38 relataram nunca ingerir bebidas, 25 menos de uma vez por semana, 28 de uma a três vezes e 5 quatro ou mais vezes por semana.  Apesar do maior número de trabalhadores negar tabagismo e etilismo, o que caracteriza hábitos saudáveis, grande parte informou não praticar atividade física no lazer (n= 69), um hábito não saudável que caracteriza um importante fator de risco para DCNT.

    Do total de trabalhadores rurais, 74 apresentavam DCNT. Destes, 41 possuíam ao menos uma DCNT; 23 possuíam duas; e 10 possuíam três DCNT associadas. As três doenças mais prevalentes entre os trablhadores com DCNT foram HAS, obesidade e dislipidemia. HAS foi a mais frequente, acomentendo 38 trabalhadores, seguida da obesidade, a qual 30 trabalhadores apresentavam e dislipidemia, presente em 29 trabalhadores rurais. Foi evidênciado também que 15 apresentavam DM2, 2 apresentavam algum tipo de câncer, 2 apresentavam doença crônica e 1 doença pulmonar crônica.

    Considerações finais

    Com base nos resultados obtidos no presente estudo, foi observado que os trabalhadores rurai apresentam, em sua maioria, idade superior a 50 anos, baixo nível de escolaridade, classe econômica média, idicativos de vulnerabilidades sociais importantes. Um número elevado de trabalhadores também declarou inatividade física durante o lazer. Esses achados caracterizam um perfil de risco para o desenvolvimento de DCNT. Ainda, foi observada alta prevalência de DCNT neste grupo de trabalhadoes rurais, o que pode ser um reflexo das condições citadas acima. As DCNT mais frequentes foram HAS, obesidade e dislipidemia.

    Dienate desses resultados, fica evidente a urgência de intervenções direcionadas à promoção da saúde e prevenção de DCNT para essa população. Além disso, estratégias voltadas para a diminuição das barreiras econômicas e educacionais também sãio fundamentais. A constação de hábitos não saudáveis como a inatividade física no lazer, também ressalta a importância de investigações futuras para compreender as razões que levam a esse comportamento e reforça a necessidade de políticas públicas voltadas para o incentivo da prática de exercícios físicos, enfatizando a sua relevância para a saúde como um todo.

  • Keywords
  • trabalhdor rural, doenças não tansmissíveis, estilo de vida, inatividade física, condições socioeconômicas
  • Subject Area
  • EIXO 2 – Trabalho
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