O tutor da Estratégia Amamenta e Alimenta Brasil (EAAB) deve implementar ações de promoção do aleitamento materno (PAM) e da alimentação complementar saudável (PACS) em unidades básicas de saúde (UBS) e solicitar a certificação da unidade na EAAB mediante a comprovação do cumprimento de critérios objetivos estabelecidos pela estratégia. Entretanto, o tutor enfrenta desafios que comprometem sua atuação. Deste modo, desenvolveu-se um projeto de extensão a partir de uma parceria entre a Faculdade de Nutrição da Universidade Federal de Mato Grosso e a Secretaria de Estado de Saúde de Mato Grosso com o objetivo de apoiar tutores de um município do estado na implementação da EAAB na UBS de sua atuação. Esse trabalho tem o objetivo de descrever os resultados deste projeto. O primeiro passo foi a definição, junto à Secretaria Municipal de Saúde, das UBS com tutores que receberiam a atuação do projeto. Procurou-se identificar UBS prioritárias a partir da análise dos indicadores de aleitamento materno e estado nutricional de crianças menores de dois anos. A partir da indicação do município, apenas um tutor concordou em participar. A equipe do projeto planejou e desenvolveu, junto aos profissionais da UBS, a Oficina de Trabalho e o Plano de Ação, com a presença de mais de 85% dos profissionais da UBS; uma ação coletiva de PAM e uma de PACS, com recomendação para que se tornassem ações sistemáticas; e a avaliação quanto ao cumprimento da NBCAL, que correspondem a quatro, dos seis critérios para certificação na EAAB. Na UBS não eram realizadas ações de PAM e PACS, sendo estas as primeiras ações conduzidas sobre o tema. Dois critérios para certificação (“monitoramento dos índices de AM e AC” e “dispor de instrumento de organização do cuidado à saúde da criança”) não foram cumpridos, em função de serem atividades que demandavam maior participação dos membros da equipe de saúde que, no momento, não possuíam disponibilidade de tempo. Desse modo, não foi possível a obtenção da certificação na EAAB. Essa realidade é observada em todo o Brasil que, em 2019, possuía 5.959 tutores formados na EAAB, mas apenas 192 UBS certificadas. Entre as razões para o reduzido número de certificações estão a alta rotatividade dos profissionais de saúde, o baixo vínculo entre o tutor e a equipe, falta de infraestrutura para o registro de dados no sistema, pouco apoio do tutor pelos gerentes locais. Ressalta-se que todas as atividades realizadas junto aos usuários atendidos e aos profissionais da UBS contribuíram para a PAM e à ACS, ainda que não tenham sido cumpridos todos os critérios para certificação da UBS. Destaca-se a importância da sensibilização dos profissionais de saúde para o potencial da EAAB em promover melhorias nos índices de AM e ACS, com consequente impacto para as condições de saúde e nutrição da população adscrita.