A Estratégia Amamenta e Alimenta Brasil (EAAB) visa qualificar o processo de trabalho dos profissionais da atenção básica de forma a estimular a promoção do aleitamento materno (AM) e da alimentação complementar (AC) saudável para crianças menores de dois anos. O objetivo do trabalho foi descrever as principais barreiras para a implementação da EAAB em Mato Grosso. Trata-se de estudo realizado em 2020 para subsidiar a proposta de um projeto de extensão que teve o objetivo de apoiar a ação dos tutores da EAAB no estado. Foi aplicado questionário online aos tutores contendo perguntas sobre a situação atual da EAAB nas unidades de saúde em que eles atuavam como tutores e as dificuldades para sua implementação. Responderam 30 tutores. Somente 1 (3,3%) era do sexo masculino e 56,7% tinham 41 anos ou mais de idade. Em relação à formação, 40% eram enfermeiros e 30%, nutricionistas. Profissionais de outras áreas de conhecimento, como Letras, Ciências Contábeis e Serviço Social corresponderam a 13,3% dos tutores. Quanto à ocupação, 20% atuavam em cargos de gestão e 26,7% responderam ser servidores do SUS. A maior parte (43,3%) foi formada em oficina realizada no ano de 2019, enquanto 30% foram formados em 2015. Quando questionados quanto aos temas que eles julgam necessitar de mais apoio para serem trabalhados na UBS em que atuam como tutores, os mais frequentes foram alimentação complementar (73,3%), mecanismos de proteção legal da alimentação infantil (66,7%), aleitamento materno (63,3%) e SISVAN (56,7%). Em relação às dificuldades encontradas na atuação como tutor, a mais relatada (70%) foi “garantir a continuidade do trabalho”. Outras dificuldades foram garantir a execução das ações propostas (50%), sobrecarga de trabalho do tutor (43,3%) e garantir o cumprimento da NBCAL na UBS (43,3%). Destaca-se que 36,7% consideraram difícil reunir a equipe para participar das atividades da EAAB. Quanto ao cumprimento dos critérios para certificação na EAAB, somente 23,3% dos tutores afirmaram ter construído o plano de ação da EAAB na UBS em que atuam como tutor. Ações sistemáticas individuais ou coletivas para a promoção do AM e da AC foram desenvolvidas por 33,3% dos tutores. Somente 10% relatou monitorar os índices de AM e de AC e 3,3% possuem instrumento de organização do cuidado à saúde da criança. A maior parte (66,7%) afirmou que a NBCAL é cumprida na UBS. Entre as barreiras encontradas pelos tutores para cumprimento dos critérios previstos para a certificação na EAAB, foram citadas a pandemia da COVID-19, a não atuação na assistência à saúde, falta de recursos humanos para realização das atividades, fata de apoio do gestor, dificuldades na alimentação do sistema da EAAB e rotatividade da equipe. São necessários mais esforços para apoiar a implementação da EAAB em Mato Grosso, visto que nenhuma UBS cumpriu a totalidade dos critérios para certificação. Embora a pandemia da COVID-19 tenha sido a barreira mais relatada pelos tutores, aqueles formados antes de 2019 também não conseguiram êxito em suas ações, demonstrando que outros fatores podem estar dificultando a atuação destes profissionais