A gestação é um momento único na vida da mulher. Durante esse período ocorrem diversas alterações hormonais, psicológicas e sociais que podem desencadear ou agravar problemas bucais como a doença periodontal e a cárie dentária, afetando diretamente a qualidade de vida e até mesmo interferindo na realização plena das atividades cotidianas. Este momento é propício para promover a adoção de hábitos saudáveis e fornecer orientações que beneficiem a saúde bucal. Este estudo buscou analisar a percepção de gestantes em relação ao cuidado odontológico pré-natal na Atenção Primária de um território de saúde do município de Vitória, Espírito Santo. Trata-se de uma pesquisa qualitativa conduzida na Unidade Básica de Saúde de São Cristóvão. O estudo foi realizado com gestantes maiores de 18 anos a partir do quinto mês de gestação. Foram realizadas sete entrevistas individuais ao longo do mês de julho de 2023 a partir de um roteiro-guia, além da coleta de dados secundários, como idade, número de semanas de gestação, paridade e número de consultas, obtidos dos registros da Rede Bem Estar. A análise dos dados qualitativos seguiu a metodologia proposta por Bardin para análise de conteúdo. Todas as participantes assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, e o protocolo da pesquisa foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos do Centro de Ciências da Saúde da Universidade Federal do Espírito Santo (CAAE: 68463323.2.0000.5060). As gestantes tinham idade entre 19 e 32 anos. Quatro das sete gestantes não realizaram consulta de pré-natal odontológico. Algumas barreiras identificadas, segundo as gestantes, foram a falta de disponibilidade de vagas na Unidade de Saúde e a não procura do serviço. Apesar disso, todas entendem a importância desse cuidado durante a gestação, tanto para a saúde da mãe quanto para a do bebê. As gestantes que realizaram o pré-natal odontológico reconheceram positivamente o cuidado da equipe de saúde bucal. Os resultados deste estudo lançam luz sobre a realidade do atendimento odontológico prestado a gestantes, evidenciando que uma boa percepção das gestantes sobre o tema por si só não garante o acesso das mulheres ao serviço. Enfatiza-se a necessidade de implementar ações eficazes para compreender e superar as barreiras de acesso ao pré-natal odontológico. Esta questão envolve responsabilidades que vão desde o âmbito municipal, para assegurar a plena execução das atribuições da Estratégia de Saúde da Família, até a contínua atualização dos profissionais sobre o assunto, a fim de proporcionar um cuidado integral e adequado às gestantes no Sistema Único de Saúde.
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