Apresentação: As infecções sexualmente transmissíveis (IST) configuram-se em problemática persistente no histórico da saúde pública. Tais doenças são transmitidas principalmente mediante o ato sexual sem proteção, entretanto apresenta outras formas como a transmissão vertical, quando há o contágio da mãe para o bebê. Neste contexto, destaca-se a atuação dos profissionais de saúde na Atenção Primária à Saúde (APS), sendo estes responsáveis por garantir a assistência preconizada, porém considerando as singularidades. Desse modo, atenção especial deve ser despendida no atendimento às mulheres, em virtude de situações de vulnerabilidades que estas podem enfrentar, envolvendo violência, estigmas, preconceitos socioculturais e de gênero. Assim, o desenvolvimento de ações de educação com profissionais da APS voltadas para estas situações tornam-se fundamentais, por isso objetivou-se descrever a experiência no desenvolvimento de oficinas temáticas voltadas ao debate acerca das desigualdades nas relações de gênero e suas repercussões para a vulnerabilidade de mulheres às IST. Desenvolvimento do trabalho: Trata-se de um relato de experiência sobre oficinas temáticas desenvolvidas com enfermeiros da APS de um município do interior do Ceará. Foram realizadas 3 oficinas. Os encontros ocorreram no período de maio a setembro de 2022, e contaram com a presença de oito enfermeiros. Cada momento das oficinas tinha objetivo específico, de modo que o processo formativo ocorresse a partir das reflexões dos participantes sobre as questões de gênero e sua relação com as vulnerabilidades que podem conduzir às IST. As temáticas foram exploradas utilizando filmes, vídeos e histórias lúdicas, com a finalidade de permitir que os enfermeiros conhecessem e avaliassem a realidade para, em seguida, transformá-la. Resultados: As oficinas temáticas buscaram promover discussão, a partir da problematização sobre as questões de gênero e como isso pode interferir no atendimento do profissional. No primeiro encontro buscou-se a clarificação de termos e conceitos como sexo, sexualidade, identidade de gênero e orientação sexual. Utilizaram-se materiais dinâmicos e apresentação baseada em literaturas confiáveis. A segunda oficina voltou-se para discussão da construção histórica e sociocultural dos papéis de homem e mulher na sociedade. Distribuíram-se imagens de propagandas e mídias direcionadas às mulheres. A partir disso, abriu-se espaço para debates sobre a percepção da contribuição da mulher para a sociedade. Fomentaram-se reflexões sobre o papel da mulher, voltado para a manutenção do lar, e sobre o machismo como fatores limitantes do poder de escolha das mulheres. A terceira oficina concentrou-se na criação de um plano de ação baseado nas reflexões e percepções construídas nos encontros anteriores, e nas necessidades identificadas dos profissionais sobre o tema. Planejaram-se momentos sistemáticos posteriores de educação permanente, de forma que pudessem aprofundar sobre as questões discutidas. Considerações finais: Destarte, é imprescindível que os enfermeiros adotem uma escuta mais atenta e uma abordagem ampliada, visando à ressignificação das relações de gênero, as quais são frequentemente percebidas como uma subserviência naturalizada da mulher, o que contribui para sua vulnerabilidade. Neste cenário, momentos em grupo e atendimentos individuais mediados por educação em saúde podem revelar-se em estratégias eficazes, com vistas ao empoderamento das mulheres, contribuindo para promoção da sua saúde sexual e reprodutiva.
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