O uso excessivo, abuso e dependência de álcool são questões de grande preocupação para a saúde públicas dadas as sérias consequências associadas a esses comportamentos. A dependência de álcool pode ocasionar danos ao sistema nervoso central, levando a índices de mortalidade que variam entre 5 e 25%. A Síndrome de Abstinência Alcoólica (SAA) manifesta-se quando há redução do consumo ou completa privação do uso de álcool, podendo ocasionar um conjunto de sintomas e sinais clínicos graves. O contexto clínico da SAA representa um desafio significativo para os profissionais do Centro de Atenção Psicossocial Álcool e outras Drogas (CAPS AD), considerando as consequências, inclusive o risco de óbito, que podem surgir na ausência de um manejo terapêutico assertivo. A criação e implementação do Protocolo de Desintoxicação pela Enfermagem, em conjunto com médicos clínicos e a equipe multidisciplinar, foi a medida adotada pelo CAPS AD BÁRBARA DA SILVA SANTOS (CAPSAD) no município de Santo André-SP para lidar com o atendimento de Síndrome de Abstinência Alcoólica (SAA), visando diminuir a probabilidade de ocorrência de eventos adversos. A elaboração do protocolo teve início com revisão bibliográfica, buscando embasar as discussões técnicas e identificar protocolos existentes, além levantar as evidências científicas. Posterior à etapa inicial organizou-se reuniões periódicas com o grupo de trabalho, formado por representantes da enfermagem, médicos e equipe multidisciplinar,. A construção do protocolo envolveu: aspectos éticos de cada profissão; preceitos legais e protocolos existentes; normativos técnicos e sanitários para implantação de espaço de desintoxicação; diretrizes e legislação do CAPS AD; levantamento e aquisição de móveis, mobília, mateiras e medicamentos necessários para o atendimento. A etapa seguinte tratou-se da apresentação e capacitação da equipe do CAPS AD, levando em consideração as seguintes abordagens: conceito de SAA; avaliação inicial; critério de inclusão e exclusão para atendimento de SAA no CAPS AD; Manejo clínico para o processo de inclusão, procedimentos e adotados e monitoramento; Manejo clínico no processo de exclusão, acionamento de outros dispositivos da rede (SAMU/UPA), encaminhamento e monitoramento. A implantação do protocolo capacitou toda a equipe para atuar junto às ações de manejo clínico e riscos, monitorando e realizando abordagem precoce da Síndrome de Abstinência Alcoólica (SAA). Garantiu-se a aplicabilidade da escala CIWA – AR – com avaliação dos quadros de abstinência leve, moderada ou grave. A partir da inserção do usuário no protocolo de SAA, há discussão do caso, com o objetivo de organizar previamente o projeto terapêutico de cuidado do usuário, pós-processo de desintoxicação, incluindo o apoio e orientações aos familiares ou pessoas de apoio, quando existentes. O protocolo têm se revelado experiência bem-sucedida, dialogando com princípios do SUS, da Reforma Psiquiátrica e do Modelo de Atenção Psicossocial e da Redução de Danos, impactando positivamente no cuidado clínico e psicossocial dos usuários de álcool em SAA. A estruturação de ações garantiu efetividade no acompanhamento. Recursos humanos, físicos e materiais foram imprescindíveis para implantação e efetivação do Protocolo de SAA. Profissionais foram capacitados para oferecer cuidado especializado e manejo clínico eficiente, otimizando acionamentos da rede de urgência/emergência e garantindo êxito na assistência.