Apresentação: No campo da formação em saúde torna-se imprescidivel a reformulação dos modos de ensinar. A reflexão sobre nossa prática pedagógica tem exigido o uso de métodos dialógicos capazes de produzir transformações nas educandas/educandos, e por conseguinte em nós. Apresentamos neste texto os afetos produzidos em nós, enquanto docentes, ao nos desafiarmos a usar metodologias participativas/emancipatórias na prática docente do Programa de Residência Multiprofissional em Atenção Básica da Escola de Governo Fiocruz Brasília. Nesse exercício cotidiano de pensar outros modos de formação, experimentamos uma abertura para experiências singulares, em constantes movimentos de desterritorialização e reterritorialização. Nossa posição teórica tem como fio condutor os princípios políticos-pedagógicos da educação popular em saúde, tendo como elementos estruturantes: participação, afetividade, criatividade, problematização, autonomia e a valorização do saber popular, produzindo reflexões críticas em diálogo com as necessidades dos educandos e educandas. Objetivamos narrar as experimentações do nosso cotidiano pedagógico, com vista a reflexão da prática docente para produção de deslocamentos epistêmicos do saber. Desenvolvimento: Trata-se de um relato de experiência das docentes e dodocentes do componente teórico da residência multiprofissional em atenção básica da Escola de Governo Fiocruz Brasília. Para a construção do relato de experiência nos ancoramos no método de sistematização de experiência de Holliday, que busca, por meio de narrativa, obter aprendizagens críticas a partir da práxis, enquanto processo sócio-histórico em movimento. Narrar o vivido nos fez refletir que não basta apenas estar no mundo, enquanto educadora/educador, mas nos posicionarmos nele. Essa proposta metodológica sugere alguns passos: o ponto de partida; viver a experiência; as perguntas iniciais; recuperação do vivido; reflexões de fundo e os pontos de chegada. A vivência relatada ocorreu em março de 2024 na unidade educacional de territorialização em saúde do módulo política nacional de atenção básica. Desenvolvemos como perguntas iniciais: como produzir encontros educacionais baseado na problematização Freireana? como potencializar a criação de vínculos entre o corpo docente e Profissionais de Saúde Residentes(PSR)? Quais possibilidades do uso da arte nos processos educacionais? Resultado/impactos: As aulas-encontros, como nós denominamos esses momentos, aconteceram nos módulos teóricos da residência. A dinâmica da aula consistiu em movimentos pedagógicos, em espiral, e sempre iniciamos com uma atividade de acolhimento, mediatizado pela arte. Após o acolhimento apresentamos o caminho a ser percorrido no encontro, as pactuacões pedagógicas e a discussão em torno das temáticas da matriz de competência, tendo como objeto de análise as práticas profissionais voltado para a territorialização. Nesta aula–encontro utilizamos como dispositivo educacionais o desenho/pintura, o círculo de cultura, estudos de situação problema e simulação do processo de territorialização. Considerações finais: o uso das metodologias participativas tem provocado encantamento nas/nos PSR para o exercício da criatividade. Nossa experiência nos mostrou a potência das metodologias participativas, permitindo maior engajamento das educandas/educandos, e reafirma nossa crença de que o papel do educador e da educadora é provocar a curiosidade. Outra aprendizagem importante foi a possibilidade de exercitar a territorializacão em ambiente educacional protegido. Essa experiência nos mostrou que é possível reinventar-se cotidianamente e que a capacidade criativa docente é inesgotável.