Contextualização: O Programa Saúde na Escola (PSE), criado em 2007 pelo Ministério da Saúde (MS) junto ao Ministério da Educação (ME), vem desenvolvendo ações nos municípios brasileiros com objetivo de contribuir na formação qualificada de estudantes das escolas públicas da educação básica por meio de estratégias promoção da saúde, cuidado educativo, prevenção e educação integral. O PSE vem fortalecendo a integração das políticas de saúde e educação, além da intersetorialidade e interdisciplinaridade entre as equipes da Atenção Básica à Saúde (ABS), professores e comunidade. E por meio do programa são realizadas temáticas como prevenção de violências nas escolas. Ressalta-se que o município de Quixelô, Ceará, aderiu ao programa em 2014 por meio da equipe multiprofissional eMulti, antigo Núcleo de Apoio à Saúde da Família (NASF) da Estratégia de Saúde da Família do município, desde então as atividades desenvolvidas com adolescentes ocorrem de forma regular a partir do planejamento dos 13 temas, como exemplo as temáticas sobre as violências. Logo, a vivência objetivou apresentar a experiência da equipe de saúde do Programa Saúde na Escola (PSE) do município de Quixelô-CE, junto aos adolescentes escolares, sobre a violência contra a mulher. Descrição: Foi desenvolvido um relato de experiência em agosto de 2023, pela Profissional de Educação Física junto a equipe eMulti, da Estratégia de Saúde da Família em parceria com a Escola Municipal de Ensino Fundamental Cristino Alves Araújo, do 8º e 9º ano do Ensino Fundamental do município de Quixelô-CE, nas atividades do PSE. Foram realizadas atividades por meio da temática: “Violência contra a mulher” em alusão a Campanha Agosto Lilás do MS, que trata sobre a sensibilização pelo fim da violência contra a mulher. As ações foram realizadas junto ao público adolescente escolar e responsáveis legais. Ao todo participaram 38 alunos do 8º 9º ano no período da tarde. No momento estavam presentes três professores(as) e responsáveis legais dos(as) escolares. A experiência foi gravada, transcrita em diário e analisada com base na literatura científica. Resultados: Na vivência foi possível ver que dos 38 escolares, 21 são meninas. Também foram convidados os responsáveis legais dos(as) alunos(as), onde a maioria eram mulheres mães dos(as) estudantes, com a participação de 15 mães e um único pai. Nessa ocasião, os(as) profissionais de saúde iniciaram um diálogo com os(as) participantes, mencionando que as violências são um problema de saúde pública que diariamente sofrem tanto meninas como mulheres. No momento foi apresentado um vídeo sobre a temática, também foi dialogado sobre os tipos de violências, desde a violência física, psicológica, moral, sexual até a patriarcal, além de apresentar a Lei Maria da Penha. As profissionais enfatizaram que a educação e a saúde têm papel decisivo no combate a violência de gênero, uma vez que mulheres sofrem diariamente com esse agravo devido a sociedade patriarcal. Mencionaram ainda que é na escola que muitas violências são percebidas, uma vez que é para o(a) professor(a) que muitos alunos(as) falam pela primeira vez suas dores ocasionadas pela violência. Posteriormente, alunos(as) realizaram uma dramatização em que uma mulher sofre violência física por parte de seu companheiro. Em seguida, foi aberto espaço para diálogo, e diante dessas orientações foram relatadas a importância de um diálogo aberto sobre a temática. Os(as) alunos(as) se mostraram bastante interessados com a temática, tiraram várias dúvidas e mencionaram que estavam satisfeitos com o momento proposto. Os escolares mencionaram ainda, que era a primeira vez que conheciam os tipos de violência e onde buscar ajuda. As mães relataram de suas vivências que já passaram por algum momento de violência no ambiente familiar. Professores(as) também relataram sobre a necessidade formação para que possam estar preparados para identificar sinais de violência e quais atitudes tomar. Logo, o ambiente escolar não pode esperar que as violências aconteçam, mas é necessário combatê-las e preveni-las. Foi construído espaços de escuta qualificada e diálogo entre escolares, professores e profissionais de saúde, levando em conta aspectos subjetivos, questões relativas a violência contra a mulher no contexto das relações, da cultura e dos direitos. A vivência contribui para ampliar os diálogos no cenário escolar sobre a problemática, além do fortalecimento das ações intersetoriais e interdisciplinares entre comunidade escolar, profissionais da saúde e familiares, para realização de ações conjuntas entre os atores envolvidos para possam pensar, discutir e implementarem estratégias de cuidado em saúde e educacionais. Ressalta-se que o ambiente escolar é um espaço de empoderamento de meninas e meninos para que reconheçam a violência sofrida e busquem ajuda, proteção e apoio. Considerações finais: logo, o cenário escolar pode ser um local em que as violências são produzidas, que demanda atenção da gestão e comunidade escolar. Portanto, ações de saúde na escola vêm avançando, com a participação dos profissionais de saúde das UBS, professores e escolares como protagonistas, o que pode reduzir as vulnerabilidades em relação a violência contra mulher que está diretamente interrelacionada às questões de gênero. Enfatiza-se que foram consideradas as estratégias voltadas para o cuidado integral de escolares que envolvam as violências, como relevantes, uma vez que fortalece a articulação intersetorial entre educação e saúde, possibilitando a construção de espaços de diálogos de forma democrática, popular, inclusiva e plural. A escola tem papel aglutinador e fundamental para envolver toda a comunidade escolar e sociedade em torno da temática discutida. Espera-se que o Ministério da Saúde e Ministério da Educação estabeleçam diálogo com outros ministérios, como o dos Direitos Humanos e o das Mulheres para que o projeto pedagógico das aulas e estratégias de educação em saúde sejam eficazes dando suporte para superar a violência que atinge milhares de meninas e mulheres todos os dias. Enfatiza-se que o acesso à informação e o fortalecimento de estratégias e projeto de vida podem aumentar a confiança e são fatores decisivos para romper com o ciclo da violência. Logo, é visto a necessidade de mais estratégias voltadas para a temática apresentada, respeitando as faixas etárias dos(as) escolares, uma vez que as escolas necessitam ter profissionais qualificados para uma discussão sobre gênero e violências para que possam sensibilizar escolares sobre abusos, além de criar um canal para denunciar o(a) abusador(a) tanto no ambiente escolar como em outros cenários.