Introdução: Ao longo dos tempos o surgimento de diferentes vírus respiratórios, se evidenciaram, em períodos sazonais, principalmente, na região sul do Brasil. As síndromes respiratórias acometem, em grande parte crianças em idade escolar e escolas e creches são, espaços com alto potencial de transmissão destes vírus e de outras bactérias. Com o acontecimento da pandemia de Covid-19, nos anos de 2020 a 2022 no Brasil, fez-se necessário modificações e intensificações nas estratégias e atividades em saúde para manter hábitos e rotinas saudáveis, como o uso de álcool em gel 70% nas mãos, o uso de máscaras faciais e a higienização das mãos, superfícies, alimentos, entre outros objetos. Mas, o mais importante é que, possibilitou que a população visualizasse que, medidas simples de higiene, também podem ser importantes como estratégia de prevenção de agravos deste tipo, em distintas faixas etárias, incluindo entre as crianças. Pensando estas características o objetivo deste trabalho trata de descrever a experiência de estudantes de graduação de Medicina, da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), no envolvimento na realização de atividades no âmbito do Programa Saúde na Escola. Metodologia: Trata-se de um relato de experiência, realizada no Centro de Educação Infantil Tereza Pereira Coelho, na cidade de Balneário Arroio do Silva, Santa Catarina, a partir da inclusão na prática da disciplina de Saúde Coletiva IV. A atividade foi planejada em conjunto com a equipe de saúde da Unidade Básica de Saúde da comunidade de Erechim. O tema escolhido para ser tratado pelo grupo de estudantes foi “Higiene Pessoal”, com enfoque na lavagem de mãos, pensando principalmente a disseminação dos vírus e bactérias respiratórios neste período do ano (início de inverno) e, outras doenças que podem ser prevenidas a partir desta simples ação. Para a execução das atividades o grupo optou por utilizar de estratégias lúdicas que contaram com: uma apresentação dialogada da importância da lavagem de mãos; uma dinâmica de pintura com tinta a base de água e de luvas calçadas como estratégia de demonstrar como precisamos lavar bem as mãos para que toda a sujeira saia e neste momento era executada a técnica de lavagem das mãos, a tinta foi utilizada para marcar a efetividade e amplitude do processo; uso de músicas temáticas voltadas a importância da lavagem das mãos – onde as crianças foram estimuladas a repetir os movimentos lavando as mãos em conjunto com o grupo e, ainda uma dinâmica onde foi utilizado uma bacia, água, orégano e detergente. Nesta última atividade foi realizado um experimento em que é adicionado orégano em uma bacia com água e quando se coloca o dedo sem sabão ele fica aderido ao dedo, após se passar sabão na mão e se repetir o processo; neste momento o orégano se afasta deixando uma ampla circunferência limpa. Deixando de lado os princípios químicos desse experimento, essa atividade foi proposta para simbolizar as bactérias presentes e como elas se comportam com a ação do sabão no meio em que estão inseridas. Resultados e Discussão: Pensar em atividades para a educação infantil pode ser algo desafiador, pois é fundamental readequar a linguagem, posicionamento corporal, dinâmicas e materiais que serão utilizados no processo de educação em saúde, conforme a faixa etária dos ouvintes. No caso dos alunos do maternal fez-se necessário trazer experiências lúdicas e participativas para prender a atenção das crianças e garantir uma troca de experiências efetiva. Ao todo foram incluídas nas atividades duas turmas do ensino infantil, com cerca de quarenta crianças, com idade entre quatro e seis anos. Durante o processo foi apresentada uma história de como e onde as bactérias estão presentes no dia a dia (quais regiões do corpo e outras superfícies que podemos entrar em contato), de que forma o sabão age matando as bactérias, vírus e outros agentes nocivos que podem entrar em contato com o corpo e iniciar processos infecciosos ou outras afecções na saúde e, de que maneira se faz a lavagem correta das mãos e quando é preciso fazê-la. O grupo se dividiu entre as tarefas para conseguir incluir todas as crianças na atividade, as mais tímidas se mostraram dispostas apenas de estar em pé próximas às bacias do experimento, já as mais extrovertidas sentiram liberdade de participar em conjunto com os palestrantes. Ainda teve caso de alunos que não queriam participar de nenhuma maneira, esses não foram obrigados a estarem juntos ou prestando atenção na palestra. No geral, maioria das crianças se envolvia, questionava e se aproximava, querendo entender melhor e as professoras, presentes no espaço, estimulavam a aproximação e a participação. Foi uma tarde intensa e divertida. Considerações finais: Durante a quarta fase do curso de medicina da UFSC, os alunos matriculados no módulo de Saúde Coletiva, são estimulados a saírem do conforto e do espaço habitual da sala de aula, em grupos, para planejarem ações com base na análise territorial e, consequentemente, nas necessidades no lugar onde são inseridos, com apoio da equipe local de saúde. Neste formato, esta atividade foi pensada, buscando desenvolver maior contato com a sociedade e um olhar amplo para as situações de saúde local. Tendo em vista esses pontos, o papel desempenhado pelo grupo de estudantes de medicina se configura como uma atividade de grande relevância, tanto para as crianças que fizeram parte, como para os próprios estudantes possibilitando a abertura de novas alternativas de inclusão nos processos de serviço que não se fundamentam apenas na clínica e, ainda o desenvolvimento de novas habilidades, as quais se mostraram como necessárias no processo de estudo e formulação da metodologia proposta a esta atividade em si; adquirindo vivências fora do âmbito formal da universidade e, ainda proporcionando maior integração ensino-serviço. Não somente no processo de planejamento, mas também, no desenvolvimento da ação. Momento interessante e que merece ser incluído neste trabalho trata-se dos instantes após a finalização das atividades, onde as crianças vinham conversar com o grupo, por exemplo, após irem ao banheiro, vinham ao encontro dos estudantes para mostrar como estavam realizando a lavagem das mãos, e reforçar que tinham compreendido que era importante esta ação. Além disso, na saída da instituição as crianças estavam comentando com os seus pais e entre amigos como era a forma correta e em quais momentos se fazia a lavagem das mãos. Isto tudo nos mostra que devemos entender as crianças como atores importantes, não somente como alvo de ações de educação em saúde para entenderem como cuidar de si, mas principalmente, como importantes multiplicadores e facilitadores deste processo. Porém, para a inclusão da criança nos processos são necessárias adaptações metodológicas o que foi bastante desafiador.