Apresentação: A população com deficiência (PcD) representa 8,9% (18,6 milhões de pessoas) da população brasileira e historicamente é marginalizada e excluída, além de ser recorrentemente representada na mídia de forma pejorativa, vitimizada ou capacitista, ocupando lugares como núcleos cômicos em que a deficiência é motivo de piada, ou como castigo, dando enfoque a deficiência e não as demais dimensões do personagem em si. Este trabalho integra o trabalho PIBIC/UFRJ "Representação da pessoa com deficiência (PcD) em telenovelas: visibilidade, estigma e preconceito", que objetiva identificar e analisar a representatividade de personagens com deficiências em telenovelas brasileiras e como essa representatividade colabora para o combate ou a perpetuação de esteriótipos sobre a população. A escolha desse tema se justifica pelo fato de que a novela é o principal produto cultural de exportação brasileiro, sendo um veículo importante para a formação de opinião e para a representação da imagem do Brasil no exterior. Desenvolvimento: Foram realizadas a) Revisão integrativa da literatura sobre os temas "pessoa com deficiência" e "telenovelas na cultura brasileira", a partir das bases de dados Scielo e Google Acadêmico, e da legislação brasileira sobre a PcD. b) Pesquisa documental nos sites oficiais da Rede Globo, principal emissora brasileira de televisão, para identificação e análise das telenovelas e dos personagens. Os principais sites utilizados foram "Teledramaturgia" e "Memória Globo". Analisou-se todas as 27 temporadas de "Malhação", exibidas de 1995 a 2020. A novela foi escolhida por se tratar de um produto voltado à população adolescente e jovem, fase de contração identitária e de visão crítica de mundo. Resultados: Foram identificados 07 personagens PcD, presentes em 09 temporadas da novela. Apenas um foi representado por uma atriz PcD. A deficiência auditiva foi a mais recorrente, apresentada em 03 personagens e presente em 07 temporadas, numa proporção de 43% do total de tipos de deficiência apresentados. Considerando que em cada novela temos um espaço amostral de aproximadamente 30 personagens, deveríamos ter, no total, em torno de 73 personagens PcD, para que refletisse a realidade e a demografia brasileira. Estes dados fomentam a discussão, em elaboração, sobre possíveis contribuições da novela na (des)construção de esteriótipos sobre PcD. Considerações finais: Considerando a relevância de malhação para o público jovem, observa-se a baixa utilização desse espaço cultural para romper barreiras atitudinais e promover a representatividade de PcD, quantitativamente e qualitativamente, pois a abordagem nas tramas e majoritariamente negativa, vitimizando ou romantizando os personagens. Tanto a vitimização, quanto a romantização, são formas negativas de representação. Considerando princípios como equidade, integralidade e a promoção de inclusão social, destaca-se que muitas vezes a representação distorcida exposta pela mídia contribui para uma percepção equivocada da sociedade em relação a estes indivíduos. Considerando que a mídia de entretenimento de massas é relevante para promover a visibilidade de diferentes grupos sociais e identitários, está poderia ser melhor utilizada para conscientizar sobre diversidade humana, inclusão e para quebrar estereótipos.
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