Apresentação: a voz é importante para a constituição do sujeito, pois possibilita com que ele expresse suas emoções e pensamentos. Quando existem dificuldades ou alterações na emissão vocal que impedem a sua produção e transmissão adequada, ocorre a disfonia. Nessa perspectiva, o fonoaudiólogo é o profissional competente para o atendimento clínico-terapêutico, para a promoção e a prevenção de distúrbios de voz, podendo atuar na Atenção Primária à Saúde dentro do Núcleo Ampliado de Saúde da Família e Atenção Básica (NASF-AB), o qual contribui para a integralidade do cuidado aos usuários do Sistema Único de Saúde (SUS). Desse modo, objetivou-se verificar a percepção dos fonoaudiólogos dos NASFs do município de Campinas-SP acerca do acompanhamento de casos de disfonia infantil na Atenção Primária. Desenvolvimento do trabalho: trata-se de uma pesquisa de caráter qualitativo e descritivo, aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) da FCM/UNICAMP sob número 68427523.2.0000.5404. O estudo foi realizado no período de junho a setembro de 2023, cuja população estudada foi composta pelos 13 fonoaudiólogos que integravam os NASFs do município. A coleta de dados contemplou um questionário de caracterização dos participantes e uma entrevista semiestruturada. A análise dos dados obtidos foi realizada por meio da técnica do Discurso do Sujeito Coletivo. Resultados: os dados evidenciam que a disfonia infantil na Atenção Primária é considerada uma questão de saúde pouco prevalente ou inexistente, além da não consideração e desvalorização das queixas vocais na infância pelos profissionais e pelos familiares, o que impacta na integralidade do cuidado. A equipe de saúde, incluindo os fonoaudiólogos, apresentam pouco conhecimento sobre o fluxo de cuidado em saúde vocal no município, evidenciando a necessidade de capacitação dos profissionais quanto à linha de cuidado para as queixas relativas à voz. Considerações finais: reforça-se a necessidade do trabalho interdisciplinar para abordagem do sujeito em sua completude e a consideração da voz enquanto parte integrante da constituição do indivíduo e aspecto relevante e determinante para a garantia da qualidade de vida. São necessários mais estudos acerca do tema, principalmente no contexto específico da Atenção Primária, como meio de valorização das questões vocais no processo de cuidado e ampliação das possibilidades do fazer em saúde.
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