O Tema envolve um debate potente sobre a atuação da psicologia na atenção domiciliar, especificadamente no programa melhor em casa do município de Belém-PA, realçando as particularidades e desafios no atendimento multidisciplinar e apresenta, também, experiências do Programa de Educação pelo Trabalho para a Saúde (PET-Saúde), que se encontrava em sua 10ª edição (PET-Saúde: Gestão e Assistência-2022/2023). O objetivo central do projeto é a integração ensino-serviço-comunidade, organizada por um rol de ações que promovam cuidados em saúde, prevenção de riscos e de doenças e reabilitação dos agravos e saúde na Rede de atenção à Saúde (RAS). Em concomitante, promovam repercussão na formação dos discentes participantes do programa. A partir do projeto de extensão aprovada pelo CESUPA - Centro Universitário do Pará em parceria com o Ministério da Saúde (MS), por intermédio da Secretaria de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde (SGTES). Um dos focos do PET-Saúde é a educação pelo trabalho, incentivando assim, os discentes da graduação a vivenciarem experiências inseridos dentro do contexto das RAS (Redes de atenção à saúde), estruturando redes rizomáticas com: profissionais supervisores, tutores docentes e acadêmicos da instituição realizando atividades em múltiplos serviços de saúde, inclusive no programa “Melhor em Casa”. A atenção domiciliar é incorporada no Brasil na década de 1960, ampliando a atuação das práticas multiprofissionais de saúde para os serviços de atendimento domiciliar, ocasionando a necessidade da implementação de políticas públicas que regulamentem o funcionamento destes serviços prestados no Sistema Único de Saúde (SUS). Os serviços de atenção domiciliar originam-se na assistência e cuidados em saúde nas residências dos usuários, propondo alternativas para reduzir o tempo das internações hospitalares, diminuindo as possibilidades de infecções, agravos ou reinternações hospitalares, reabilitando e reinserindo a pessoa no seu contexto territorial, biopsicossocial e espiritual, além de mobilizar o usuário a se implicar no seu tratamento. A longevidade da população mundial, advinda de uma transição epidemiológica, suscitou novos olhares para o cuidado integral a saúde, ampliando a Rede de Atenção à Saúde para além da perspectiva Hospitalocêntrica, atuando nas linhas de cuidados dentro do domicílio. A atenção domiciliar no Sistema Único de Saúde divide-se em níveis de complexidade, sendo AD1 visitas mensais por profissionais de saúde multidisciplinares no âmbito domiciliar, focada na prevenção e promoção de agravos, sendo de responsabilidade da atenção básica por meio das ESF, NASF e pelo programa família saudável. Os níveis de complexidade AD2 e AD3 da atenção domiciliar caracteriza-se por pacientes com uso de dispositivos de saúde como: traqueostomia, sondas vesicas, sondas nasogastricas, ou mesmo lesão por pressão de grau III e IV, reabilitação motora, cuidados paliativos, os perfis de usuário desse nível de atenção domiciliar (AD) configura-se nos cuidados intermediários, pacientes que necessitam de acompanhamento para diminuição de agravos e que apresentam desafios de locomoção para os serviços especializados, visando retomar sua autonomia no domicilio. Descrição da experiência: O objetivo foi ampliar debates sobre psicologia, atenção domiciliar e as experiências do PET-Saúde no município de Belém/PA. Esse Rol de ações construídas a partir de cada serviço, no âmbito da atenção domiciliar que repercutiu em iniciativas que possibilitaram estratégias de formação em saúde, desenvolvendo, assim, práticas profissionais para atuação no trabalho em equipe. A articulação Ensino-Serviço desenvolveu habilidades dos discentes, a partir da vivencia da prática, inserido no contexto da atenção domiciliar, especificadamente no programa “melhor em casa”. Considerando que uma das portarias percussoras na inserção do serviço de atenção domiciliar (SAD) como recurso de intervenção no Sistema Único de Saúde (SUS) é a Portaria nº 1.600/GM/MS, de 7 de julho de 2011 que reestrutura a Política Nacional de Atenção às Urgências no Sistema Único de Saúde e introduz a Atenção Domiciliar como um de seus componentes em modalidade de atendimento, fomentando em suas diretrizes a atuação profissional com equipes. Em 2012, o serviço de atenção domiciliar regulamenta-se com a portaria nº1.533, de 16 de julho de 2012 organiza o fluxograma dos SAD’S, concebe os pré-requisitos para habilitação dos projetos de implementação do SAD no município e se estrutura a composição das equipes multidisciplinares de atenção domiciliar, subsequentemente a essas reorganizações, a portaria Nº 963, de 27 de maio de 2013. compreende o SAD como uma nova modalidade de caráter intermediário, substitutivo ou completar as linhas de cuidado em saúde já existentes nas Redes de Atenção à Saúde (RAS). A incumbência pela assistência dos usuários na modalidade AD2 e AD3 são as equipes multidisciplinares de atenção e equipes multidisciplinares de apoio, na região metropolitana de belém, compostas por enfermeiro, médico, técnico de enfermagem e fisioterapeuta, psicóloga, nutricionista e assistente social, responsáveis em realizar atendimentos domiciliares no mínimo 1 (uma) vez por semana na residência do usuário. As complexidades que envolvem os cuidados intermediários e a atenção domiciliar na região metropolitana de Belém-Pa, permeiam a coexistência de diversas formas de ocupação territorial e fluvial da população, gerando impacto no modo de “fazer Saúde” dos profissionais e na logística das ações de saúde nos domicílios. Resultados: A experiencia do PET-saúde no âmbito domiciliar proporcionou que os discentes pudessem se aproximar das experiências dos cuidados em saúde exercidos no território, vivenciar o cotidiano do serviço, aproximações do processo de trabalho das equipes multidisciplinares EMAD e EMAP, realizar planos terapêuticos singulares, promoveu acolhimento psicológico dos usuários, participação dos discentes nos atendimentos com a equipe multiprofissional, reuniões para reorganizar o cuidado compartilhado, participação de interconsultas de saúde no domicilio, produção de evento académico no Conselho Regional de Psicologia da 10ª região e na Secretaria Municipal de Saúde, voltado para compartilhar a própria experiencia dos discentes no PET-Saúde. Em concomitante, o impacto do projeto no melhor em casa proporcionou uma maior abrangência dos cuidados em saúde mental para os usuários, reuniões, acolhimentos especializados, avaliações psicológicas, produção de material para acessibilizar informações de saúde, dinâmicas visando melhorar qualidade de vida do usuário. Considerações finais: A inserção do PET-Saúde no programa ampliou a abrangência dos cuidados em saúde e possibilitou experiências significativas para os discentes a partir do ensino pela vivência no trabalho dentro da tríade Serviço-Ensino-Comunidade. Potencializando a atuação da psicologia e reinventando novas perspetivas para o cuidado no domicílio, compartilhando experiências do cotidiano do trabalho multidisciplinar, tanto nas suas possibilidades quanto nos desafios. Conclui-se que a atenção domiciliar é um âmbito diverso e complexo, que dialoga com a psicologia da saúde e a psicologia social, aproximando o profissional da realidade do individuo, inserido no seu território.