Apresentação: A depressão é um transtorno do humor que afeta grande parte da população no mundo, ocasionando sofrimento e mal-estar significativo. É um transtorno psiquiátrico que acomete especialmente as mulheres, aproximadamente três vezes mais do que os homens. Além da diferente tipologia de transtornos depressivos que existem na população em geral, existem diferentes transtornos depressivos que afetam especificamente às mulheres, neste sentido tem se mostrado avanços na área da saúde da mulher ao incluir a síndrome disfórica pré-menstrual e depressão pós-parto como uns dos tipos de transtornos depressivos. Dessa forma, este trabalho teve por objetivo realizar uma revisão de literatura acerca dos fatores associados à depressão maior entre as mulheres. Foi realizado um levantamento bibliográfico no período de março de 2023 a março de 2024, nas bases de dados da Biblioteca Virtual em Saúde, PubMed, Scielo e Science Direct utilizando as palavras-chave “depressão”, “transtorno depressivo maior”, “fatores de risco”, “saúde das mulheres”. Foram incluídos para leitura artigos, capítulos de livro, dissertações e teses no idioma português, inglês e espanhol com texto completo disponível. Resultados: Os estudos evidenciam a disparidade da prevalência da depressão entre homens e mulheres e as diversas razões complexas que podem aumentar o risco de desenvolver depressão no sexo feminino comparado ao sexo masculino, entre essas razões pode-se citar fatores biológicos, sociais e culturais, como alterações hormonais, experiências de vida, perdas e traumas. Além disso, o componente hormonal, biológico e reprodutivo das mulheres é um fator que contribui para o desenvolvimento da depressão, em decorrência das alterações hormonais ao longo de suas vidas, que perpassam a puberdade, a menstruação, a gravidez e a menopausa, desencadeando alterações neurobiológicas aumentando o risco de depressão. Como consequência de seguir os modelos de feminilidade predominantemente hegemônicos, as mulheres podem experimentar mais fatores estressantes, ansiosos e depressivos, devido a sobrecarga que advém do trabalho laboral, cuidado familiar, tarefas domésticas, dos desafios advindos da desigualdade e discriminação de gênero e do cumprimento de expectativas sociais. Ainda, fatores de risco como as experiências de vida traumáticas, a presença de abuso e negligência, maus tratos e violência durante a infância e na idade adulta, sobretudo a violência perpetrada pelo parceiro íntimo, afetam o funcionamento e o bem-estar psicológico. Essas experiências de vida modulam fatores epigenéticos, processos neurológicos e bioquímicos que são ativados e influenciados pelas experiências e estímulos ambientais (positivos ou negativos) que podem produzir alterações da estrutura, química e função do cérebro contribuindo para o desenvolvimento da depressão. Considerações finais: A depressão é uma doença complexa e multifatorial que pode ser desenvolvida devido a diversos fatores, entre eles biológicos, genéticos, neurológicos, endócrinos, psicológicos, sociais, comportamentais e culturais, que podem interagir uns com os outros e aumentar a vulnerabilidade das pessoas para desenvolver quadros depressivos, por isso conhecer eles podem contribuir na busca de soluções, na prevenção, diagnóstico e tratamento do transtorno depressivo nas mulheres.