Estima-se que 350 milhões de pessoas no mundo padecem de depressão. Por tanto, é considerada a doença psiquiátrica mais grave, afetando cerca de uma em cada cinco pessoas mundialmente. Na América Latina, o Brasil é um dos países com maior prevalência de depressivos, acometendo principalmente as mulheres. Assim, este trabalho tem por objetivo analisar a prevalência dos sintomas depressivos e sua associação com as variáveis sociodemográficas e econômicas nas mulheres que residem em Vitória, ES. Desenvolvimento: Trata-se de uma pesquisa transversal que utiliza dados de uma pesquisa de base populacional, com amostra de 1.086 mulheres de 18 anos ou mais. A coleta de dados ocorreu entre janeiro e maio de 2022. A sintomatologia depressiva foi avaliada pelo Inventário de Depressão de Beck. As variáveis sociodemográficas e econômicas foram avaliadas pela faixa-etária, raça-cor, escolaridade da mulher, renda familiar, situação conjugal, religião, trabalho remunerado, possuir casa própria e receber auxílio do governo. Para verificar a relação entre os sintomas depressivos e as variáveis sociodemográficas e econômicas testes Qui-quadrado de Pearson foram realizados e para averiguar a associação realizou-se Regressão de Poisson com variância robusta pela Razão de Prevalência. As análises estatísticas foram realizadas pelo programa estatístico Stata 17. Resultados: Em relação à prevalência da depressão, 260 mulheres apresentaram sintomas depressivos, o que representa 23,9% da amostra. Mulheres com escolaridade de 0 a 8 anos de estudo apresentaram 59% a mais na prevalência de sintomas depressivos quando comparadas àquelas com escolaridade igual ou acima de 12 anos, solteiras tiveram 42% mais prevalência de sintomas depressivos que as com companheiros, não ter nenhuma religião tornou 1,47 vezes mais prevalente o sintoma depressivo quando comparadas as mulheres sem religião. Por fim, as mulheres que receberam auxílio do governo apresentaram 41% mais prevalência de sintoma depressivo comparadas as mulheres que não receberam auxílio do governo. Sabe-se que os fatores sociodemográficos e econômicos influenciam no desenvolvimento de doenças mentais e muitas vezes esses fatores permeados por diferenças socioculturais vão se associar e exposições estressoras do cotidiano da mulher, seja devido a situação econômica, ocorrência de violência, nível educacional, possuir ou não um trabalho remunerado e possibilidade de acesso a serviços de saúde podem acarretar no desenvolvimento de transtornos depressivos, dessa forma aumentando a prevalência de depressão. No que concerne as desigualdades socioeconômicas, essas, traduzem-se frequentemente em desigualdades na saúde, na maior privação socioeconômica pessoal, maior mal-estar e dificuldades psicológicas. Os achados encontrados coincidem com os dados de diferentes pesquisas desenvolvidas a nível nacional e internacional com populações de estudo com características semelhantes. Conclusões: Observou-se associação entre as variáveis sociodemográficas e a depressão, evidenciando-se que as mulheres que se encontram em uma situação socioeconômica mais vulnerável apresentaram mais sintomas depressivos. Por tanto é necessário agir na procura de políticas de prevenção e tratamento sobre a depressão para contribuir com a saúde mental das mulheres.