INTRODUÇÃO: O atributo da longitudinalidade do cuidado na Atenção Primária à Saúde (APS) reforça a necessidade de os gestores priorizarem o modelo da Estratégia de Saúde da Família (ESF) na oferta dos cuidados primários em seus municípios. Diante dos formatos das equipes disponíveis na Política Nacional de Atenção Básica no Brasil, PNAB/2017, os municípios não conseguem atingir cem por cento de seu território, com a cobertura da ESF e, portanto, o cuidado longitudinal dos moradores das áreas de influência é negligenciado. A acessibilidade da população aos serviços da Atenção Primária representa uma conquista importante, uma vez que ela se configura como a principal porta de entrada aos serviços prestados na rede pública de saúde. OBJETIVOS: Relatar a experiência de acadêmicos de medicina na observação da necessidade de garantir a longitudinalidade do cuidado dos cidadãos residentes em áreas de influência da ESF. METODOLOGIA ou MATERIAIS E MÉTODOS: Trata-se de um relato de experiência vivenciado em atividades práticas de saúde coletiva em uma Unidade de Saúde da Família (USF) integrada, no Estado da Paraíba, entre os meses de março a maio de 2024, onde observou-se a rotina dos atendimentos de saúde de Equipes Saúde da Família (eSF) e, consequentemente, a busca pelos serviços prestados, na USF, por pessoas de áreas de influência do território. RESULTADOS E DISCUSSÃO: A referida unidade é assistida por uma médica responsável pelo atendimento dos moradores da área de influência. Durante esse acompanhamento, foi notabilizado que a maior demanda de consultas estava para a médica vinculada aos territórios descobertos da ESF. Percebeu-se que as necessidades dos usuários da ESF eram divididas entre as situações clínicas agudas e as ações programáticas-estratégicas, como: pré-natal, citológico, puericultura, acompanhamento de hipertensos, diabéticos e transtornos mentais. Já a procura por cuidados médicos da área de influência foram exponencialmente maiores para situações consideradas emergências sensíveis à APS e poucos atendimentos com fins preventivos. Observou-se que a gestão da longitudinalidade do cuidado só é possível acontecer, na prática, com os territórios cobertos pela ESF. Esses fatos disparam a reflexão sobre a priorização do modelo biomédico centrado na doença em detrimento ao cuidado centrado na pessoa, o qual é estimulado nas Políticas de Saúde do SUS, bem como uma inversão entre o que preconiza os atributos da APS e o que é praticado pelos gestores municipais, no que tange à APS. A ampliação desse acesso compõe um pilar edificador para a proteção dos direitos sociais vinculados ao princípio da universalidade; entretanto, ainda há descompassos no que tange ao progressivo saldo populacional brasileiro e à demanda por atendimentos satisfatórios, fato que impossibilita um cuidado a longo prazo dos usuários. CONCLUSÃO ou CONSIDERAÇÕES FINAIS: O cuidado longitudinal da população residente em áreas descobertas pelo Agente Comunitário de Saúde (ACS) configura um entrave preocupante para a segurança da qualidade de vida dessa parcela não adscrita. Destarte, a experiência revela a importância de um maior comprometimento do poder público com a gestão da APS e a valorização da ESF, sobretudo por ela ser o serviço mais capilarizado para os cidadãos.