Apresentação: A dengue, doença viral transmitida pelo mosquito Aedes aegypti, é endêmica no Brasil, com casos ao longo do ano. Tem um padrão sazonal ligado aos períodos quentes e chuvosos, aumentando o risco de epidemias. A vigilância epidemiológica é fundamental para detectar surtos precocemente, identificar áreas de risco e aplicar medidas preventivas e de controle. Nesse contexto, as Redes de Atenção à Saúde (RAS), em seus diferentes níveis de atenção, desempenham papéis fundamentais na notificação e monitoramento dos casos de dengue. O objetivo dessa pesquisa foi comparar quantitativamente as notificações de dengue realizadas em um hospital de ensino localizado na região dos vales com as notificações de dengue registradas pelo município. Desenvolvimento: Trata-se de um estudo transversal retrospectivo realizado no período de janeiro de 2021 a abril de 2024. A coleta de dados ocorreu por meio do levantamento das notificações de casos suspeitos e confirmados de dengue realizadas pelo Serviço de Controle de Infecção Hospitalar (SCIH) e Núcleo Hospitalar de Epidemiologia (NHE). Os dados das notificações foram correlacionados com o quantitativo das notificações do município no mesmo período, disponíveis publicamente no site da Secretaria Estadual de Saúde do Rio Grande do Sul, alimentado pela base de dados SINAN Dengue Online. Resultados: No ano de 2021, o município contou com 6561 notificações, dessas 680 foram provenientes do NHE, representando 10% do total. Em 2022, notificou-se 3666 casos no município, sendo 295 notificados pelo NHE, correspondendo a 8% do total. Já em 2023, o total de notificações foi de 1888, com 261 realizadas pelo NHE, representando 14% da totalidade de notificações. Até 30 de abril de 2024, foram registradas 4924 notificações, das quais 1157 foram encaminhadas pelo NHE, constituindo 23% do total. Vale ressaltar, que nos anos de 2021 a 2023, a pandemia de COVID-19 levou à priorização dos esforços no atendimento e notificação desses pacientes, o que sugere subnotificações de casos de dengue e uma baixa porcentagem de notificações pelo NHE. Nos primeiros quatro meses de 2024, as notificações já ultrapassam o dobro do ano anterior, com uma contribuição significativa do NHE. Podemos considerar diante destes resultados, não só uma elevação significativa do número de casos de dengue notificados, como também o aumento da demanda de atendimento hospitalar. Considerações finais: Na atenção primária, a notificação dos casos de dengue é fundamental para identificar precocemente possíveis surtos e implementar medidas de controle. Já na atenção secundária e terciária, como hospitais, é essencial para o manejo clínico adequado e o monitoramento da gravidade da doença. A participação ativa do NHE na notificação e monitoramento dos casos de dengue pode fornecer dados relevantes para os profissionais da atenção primária, permitindo a identificação mais rápida de áreas de risco e populações vulneráveis. Essa colaboração e articulação entre o NHE e a RAS municipal é fundamental para a implementação de medidas preventivas e de controle mais eficazes, como a intensificação das ações de vigilância entomológica, o monitoramento dos casos suspeitos e a educação da comunidade sobre medidas de prevenção.