Apresentação:
O projeto Jovens de Terreiro foi uma das 6 experiências selecionadas pelo Núcleo de Educação Popular, Cuidado e Participação na Saúde – Núcleo Angicos da Escola de Governo da Fiocruz Brasília no contexto do Projeto Institucional “Paulo Freire: Fortalecendo a territorialidade, tecendo uma rede de movimentos, saberes e práticas de Educação Popular em Saúde no Distrito Federal”, viabilizado por meio de emenda parlamentar.
O projeto é desenvolvido pela Associação Religiosa e Cultural Ilê Axé Xaxará de Prata que tem 18 anos de atuação na promoção e a preservação das tradições da religiosidade e cultura afro-brasileira atuando na região de Planaltina em Brasília/DF. Seu objetivo principal é a defesa dos interesses das Comunidades Tradicionais, o combate a todo e qualquer tipo de discriminação social, especialmente em razão de cor, orientação sexual ou credo religioso dos indivíduos e a diminuição das vulnerabilidades sociais.
No período entre 2023 e 2024, às oficinas de artesanato, arte e cultura e as rodas de conversa realizadas em parceria com a Fundação Osvaldo Cruz - Fiocruz/Brasília visaram garantir a jovens em situação de insegurança alimentar o aumento da autoestima, espírito colaborativo, a capacitação técnica, o distanciamento das drogas, bem como, alimentação durante o dia do evento promovendo a redução da fome e a possibilidade de suas mães garantirem jornada de trabalho aos sábados.
Este Projeto Institucional está vinculado ao macroprojeto: Conexões de Saberes e Práticas na Promoção de Territórios Saudáveis e Sustentáveis frente à Sindemia da Covid 19: Ações de Educação Permanente, Educação Popular, Vigilância, Segurança Alimentar, Promoção da Participação, Controle Social e Equidade em Saúde.
Desenvolvimento do trabalho:
O projeto foi desenvolvido por meio de oficinas que dialogam com temas variados da saúde: saúde mental, álcool e outras drogas, beleza e saúde, cuidados com a saúde da mulher, saúde nos terreiros e alimentação saudável. Foram realizadas rodas de conversa, círculos de cultura e artesanato, manipulação de plantas medicinais e massagens terapêuticas, com a metodologia participativa na concepção Freiriana, aprendendo saberes populares no uso do atabaque, na confecção e comercialização de artesanatos e no fazer da trança nagô com o objetivo de reduzir as vulnerabilidades sociais, desenvolver potencialidades, fortalecer os vínculos familiares e comunitários e promover e fortalecer o Sistema Único de Saúde - SUS.
As 2 oficinas realizadas foram desenvolvidas da seguinte forma:
1ª Oficina – Reuniu 98 participantes para dialogar sobre o tema - Beleza negra e saúde: desconstruindo padrões e promovendo a autoestima e cuidados com a saúde. Por meio de roda de conversa, massagens terapêuticas, tranças nagôs, cortes de cabelo, oficina de como tratar o cabelo e um almoço com alimentação saudável, houve o diálogo permanente da importância de nutrir a autoestima e o bem-estar físico e mental da comunidade negra perante o mundo em que vivemos que muitas vezes impõe padrões estéticos irreais e a beleza eurocêntrica. Os participantes foram instigados a dialogar sobre o tema de forma participativa. Houve ainda uma apresentação cultural que envolveu os participantes a refletir acerca da riqueza da cultura afro-brasileira ao som do atabaque Xiré Layó.
O projeto buscou com esta 1ª Oficina transformar não apenas a forma como os participantes percebe a beleza negra, mas também como os indivíduos negros se enxergam e se sentem em relação a si mesmos, fazendo a relação com a saúde mental e o bem-estar do indivíduo e da comunidade e fortalecendo o empoderamento das pessoas participantes.
2ª Oficina – Reuniu 61 participantes para dialogar sobre os temas: Uruntu eu sou porque somos e Harmonizando Mentes: desmitificando estigmas, reconectando com a natureza. A atividade fez o diálogo dos temas em aulas de crochê e tricô e de alimentação saudável com as práticas de cultivo sem agrotóxicos, permeadas com atividades culturais. Esta ação teve como objetivo reforçar a autoestima, o espírito de coletividade e o equilíbrio emocional e espiritual na vivência com a natureza e alimentação saudável, proporcionado melhor qualidade de vida e de saúde aos participantes e consequentemente à suas famílias. .
Durante os dois encontros realizados até o momento no âmbito do projeto em parceria com a Fiocruz/Brasília, houve a participação de aproximadamente de 159 pessoas em diversas atividades, como rodas de acolhimento afetivo, palestras, apresentações culturais e espaços holísticos, além de cursos de artesanato. Todas as atividades foram conduzidas através da realização de metodologias participativas. Estas ações proporcionaram um espaço de empoderamento, bem como de troca de saberes tradicionais e interatividade entre a comunidade em prol da promoção da saúde dos participantes. Proporcionou ainda o cuidado e fortalecimento da identidade do Terreiro.
As metodologias ativas, como as utilizadas nesses encontros, têm se mostrado eficazes para engajar os participantes, tornando o aprendizado mais dinâmico e significativo. Através dessas abordagens, foi possível não apenas transmitir informações, mas também estimular reflexões e promover a participação ativa dos jovens de terreiro.
Além disso, as ações desenvolvidas nas Oficinas demonstraram ser uma ferramenta poderosa para abordar questões relacionadas à saúde e bem-estar. Ao integrar arte, cultura e educação popular, o projeto proporcionou um espaço de aprendizado integral, que vai além da mera transmissão de conhecimento, buscando também fortalecer a identidade cultural e promover a autonomia dos participantes.
Considerações finais:
O Projeto Social Jovens de Terreiro – Oficinas de educação popular em saúde com arte e cultura tem se mostrado uma iniciativa de grande impacto e relevância para a comunidade. As ações realizadas até o momento demonstraram ser altamente produtivas e contribuíram significativamente para a instrução e empoderamento dos jovens de terreiro em situação de insegurança alimentar.
É fundamental que iniciativas como essa, que valorizam a prática da saúde, alimentação saudável e bem-estar mental, continuem a prosperar. A parceria com instituições como a Fiocruz/Brasília é essencial para fortalecer essas ações e ampliar seu alcance, promovendo não apenas a saúde individual, mas também o fortalecimento dos laços comunitários e a preservação da cultura afro-brasileira.
Além disso, os encontros promovidos pelo projeto visam não apenas o fortalecimento da comunidade do Terreiro Xaxará de Prata, mas também a promoção da conscientização sobre questões de saúde e a valorização do Sistema Único de Saúde (SUS) no território. Ao criar espaços de produção e transmissão de saberes e culturas, essas iniciativas contribuem para a preservação do patrimônio cultural afro-brasileiro e para o empoderamento da comunidade, capacitando-a a enfrentar os desafios de forma mais consciente e coletiva.
Que parcerias assim possam continuar a florescer, atendendo cada vez mais pessoas, contribuindo para uma comunidade mais saudável e conectada.