Apresentação: Septicemia corresponde a uma Síndrome de Resposta Inflamatória Sistêmica (SRIS) oriunda de um processo infeccioso - que pode resultar em disfunção orgânica múltipla - sendo considerada a principal causa de óbito de pacientes submetidos a terapia intensiva. A sepse inicia-se com a entrada de microorganismos via cavidade oral, trato gastrointestinal ou trato geniturinário, que inicialmente desencadeiam uma infecção localizada e em sequência as manifestações clínicas podem evoluir para generalização desta. O diagnóstico pode ser obtido por meio de exame clínico, em consonância com métodos de imagem e exames laboratoriais - de liquor, de urina, de secreções e hemoculturas - que busquem focos de infecção e auxiliem na avaliação evolutiva. Ressalta-se que o rastreamento microbiológico do paciente busca encontrar o agente infeccioso causador e, portanto, impedir que o quadro clínico evolua para sepse grave, choque séptico e falência de um ou mais órgãos, contornando a letalidade. A sintomatologia é variável e comumente apresenta febre ou hipotermia, hipotensão, taquicardia, confusão mental, redução do débito urinário, etc. Além disso, a abordagem terapêutica é orientada pela Surviving Sepsis Campaing que instrui o manejo médico frente a esta complicação infecciosa, por meio do protocolo mundial de tratamento da sepse. Objetivo: Analisar a incidência da septicemia em grau comparativo entre as regiões brasileiras em correlação com a morbimortalidade desencadeada pela mesma no período de 2013 e 2023. Metodologia: Trata-se de um estudo epidemiológico com caráter longitudinal que aborda a distribuição dos casos de sepse no Brasil, assim como sua letalidade por região, sexo e faixa etária. As informações estatísticas foram obtidas na base de dados do DataSUS, o qual as disponibiliza no Sistema de Informação Hospitalar (SIH), bem como no IBGE que propicia a obtenção da projeção populacional por unidade de federação, possibilitando a análise comparativa e quantitativa entre as regiões do país. Resultados: Observou-se que no decorrer dos anos analisados houve crescimento na incidência de internações por sepse, interrompido por uma queda atípica no decorrer da pandemia da COVID-19, e sequencial retorno em 2022. Nessa perspectiva, a região sul totalizou maior incidência, com média anual de 79,7 casos para cada 100 mil habitantes, sem diferença expressiva entre os sexos, enquanto o centro-oeste teve menor incidência. Todavia, é o sudeste que apresenta maior letalidade dentre as regiões, com média anual de 49,14 óbitos para cada 100 internações. Ademais, ao analisar a frequência da septicemia, é notável que houve aumento de 75% entre o primeiro e último ano da série no país. Considerações Finais: Perante o exposto, compreende-se que embora possua fisiopatologia complexa, o tratamento desta morbidade deve ser observado com urgência pela equipe hospitalar multidisciplinar, por meio da identificação precoce dos sinais e sintomas associados, seguido da administração medicamentosa apropriada. Por fim, a crescente ocorrência de internações por septicemia - no decorrer do período estudado - sugere que são necessárias ações de saúde pública para contornar sua alta morbimortalidade no Brasil.