Introdução: a violência sexual infantil consiste em todo ato invasivo cometido contra crianças e adolescentes, sendo uma grave violação dos direitos humanos e um problema social, que podem ocorrer de várias formas e em diferentes níveis de gravidade. Entre os anos de 2018 e 2022 foram notificados 32.328 casos de violência sexual em crianças de até 4 anos, destes, 22.123 ocorreram em residências. Desse modo, o papel do enfermeiro torna-se essencial na consulta de puericultura, no que se refere à identificação e reconhecimento dos sinais e sintomas. Outrossim, é necessário que o enfermeiro esteja capacitado para realizar o acolhimento e assistência adequada às vítimas e aos familiares, assim como notificar os casos suspeitos e confirmados. Objetivo: identificar os desafios enfrentados pelos enfermeiros na consulta de puericultura às crianças vítimas de violência sexual. Metodologia: trata-se de uma pesquisa analítica exploratória com abordagem qualitativa, realizada com 108 enfermeiros que atuam na saúde da família em Campina Grande, Paraíba. Foram excluídos os enfermeiros que estavam de férias, de licença ou folga no momento da coleta de dados Para análise de dados, as entrevistas organizadas e transcritas na íntegra para preparação e análise dos dados, utilizando o Software Interface de R pour les Analyses Multidimensionnelles de Textes et de Questionnaires (IRAMUTEQ). Aprovado pelo Comitê de Ética pelo CEP 6.303.634. Resultados: foi possível evidenciar aspectos referentes à falta de colaboração dos pais ou responsáveis pela criança, principalmente em fornecer as informações necessárias, não permitindo abertura ao enfermeiro , evidenciando uma recusa a fornecer dados relevantes para identificação de violência e a continuidade da assistência às crianças. Outro desafio observado foi o receio por parte de profissionais no encaminhamento da criança, nadenunciar e na notificação dos casos de violência sexual. A ausência de capacitação profissional foi observada como um desafio na abordagem à vítima, no que tange a identificação de sinais e sintomas da violência, destacando a necessidade que os próprios profissionais de enfermagem observam no no manejo qualificado e integral a essa vítima. Considerações finais: diante dos desafios enfrentados, é necessário que haja um processo de educação contínua e eficaz dos profissionais da enfermagem, para que estejam qualificados e capacitados frente a violência sexual infantil, visto que o manejo adequado dos casos, assim como o reconhecimento e acolhimento humanizado da vítima e a família são fundamentais para a minimização do sofrimento físico, psicológico e emocional da criança, além de intervenções precoces em casos concretizados e prevenção de sua ocorrência.