As diretrizes operacionais dos serviços de saúde mental para crianças e adolescentes no Brasil apontam a necessidade e a responsabilidade pela inclusão do cuidado dos familiares e responsáveis no processo de atenção à criança e/ou adolescente, situando-os como sujeitos de demanda e acolhimento. O objetivo da pesquisa é ressaltar a importância de considerar o sofrimento vivido por estes que são promotores de cuidado, compreendendo que o cuidado das crianças também perpassa o de seus responsáveis. O presente trabalho trata-se de um relato de experiência sobre a realização de grupos de acolhimento para responsáveis de jovens usuárias/os de um CAPS infanto-juvenil. Essa prática esteve vinculada ao estágio em psicologia no Centro de Atenção Psicossocial Infantojuvenil do município de Rio das Ostras/RJ. Os grupos eram desenvolvidos com encontros semanais, sendo um aberto e outro fechado para novos participantes. Nesse sentido, foram construídos com a finalidade de trabalhar as/os responsáveis como sujeitos de desejos, abordando temas como autoestima, autoconhecimento e autocuidado, bem como buscando promover um espaço de protagonismo e apoio. Ao final do período, , verificou-se que os encontros possibilitaram trocas de experiências, a criação de uma rede de apoio e o fortalecimento de vivências pessoais e do serviço, contando com mais aderência das/dos familiares. Vale ressaltar que a participação majoritária nos grupos foi marcada pelo gênero feminino, especificamente por mães e avós. Os principais desafios apontados pelas participantes foram a sobrecarga, a jornada dupla de trabalho, a dificuldade de pensar sobre si mesmas, a ausência de apoio externo, culpa, preocupação com as/os filhas/os e a falta de tempo e dinheiro. A partir da experiência do grupo com responsáveis, foi possível analisar o modo como as vulnerabilidades sociais e os marcadores sociais de gênero e classe atuam como determinantes sociais na saúde das famílias. No mesmo caminho, destaca-se a importância de espaços que possibilitem o reconhecimento e acolhimento de experiências singulares e o fortalecimento de vínculos entre o serviço e as responsáveis, para que, assim, possamos tecer laços comunitários capazes de fomentar a autonomia das famílias a partir do cuidado ampliado e compartilhado.
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