APRESENTAÇÃO: Trata-se de uma revisão de literatura que tem por objetivo discutir os desafios presentes na formação inicial de enfermeiros e como eles impactam na inclusão da Medicina Tradicional Amazônica (MTA) nela. A MTA é entendida como um conjunto de práticas utilizadas pelas populações que vivem na Amazônia, na prevenção, tratamento e cura de doenças físicas, mentais e espirituais. A Organização Mundial da Saúde (OMS) estimula a inclusão da Medicina Tradicional (MT) nos serviços de saúde desde 1970 com o Programa de Medicina Tradicional. Além disso, a declaração de Alma – Ata sobre em 1978, já tratava da integração da MT e de seus praticantes aos cuidados primários de saúde. No contexto das políticas públicas de saúde no Brasil, há um movimento de inserção da MT ao sistema de saúde oficial. Em 2006 foram criadas a Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares e a Política Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos. Após 7 anos (2013) há a criação da Política Nacional de Educação Popular em Saúde, que tem como um de seus objetivos “promover o diálogo e a troca entre práticas e saberes populares e técnico-científicos no âmbito do SUS e de instituições formadoras”. Neste contexto, é necessário que os profissionais de saúde estejam capacitados para atender as demandas que surgem com as políticas do SUS, bem como o enfermeiro deve estar apto para atuar nas especificidades regionais em um contexto de pluralismo e diversidade cultural, de acordo com as Diretrizes Curriculares Nacionais (DCN, 2001). RESULTADOS: Acompanhando as exigências que surgiram com a criação do SUS e o desenvolvimento de públicas de saúde, cada vez mais focadas em perspectivas humanísticas e holísticas do cuidado, a partir dos novos entendimentos na concepção do processo saúde/doença e a (des)construção social contínua exigida pelo SUS, surgiu a necessidade de repensar os perfis profissionais para atender tais demandas. A enfermagem é essencial no serviço de saúde no Brasil, no entanto, a formação inicial do enfermeiro ainda predomina o modelo fragmentado de currículo e o modelo flexeneriano, dando ênfase a uma assistência hospitalocêntrica, centrada na doença. Essa colonização intelectual que invisibiliza qualquer tipo de saber tradicional e que não pode ser qualificado pelos parâmetros do método científico, dificulta a inclusão da MTA na formação dos enfermeiros e nos serviços de saúde. CONSIDERAÇÕES FINAIS: A OMS estima que 88% de todos os países fazem uso terapêutico de práticas como medicinas indígenas, fitoterápicas, acupuntura, entre outras. Em alguns lugares do mundo é o principal recurso de manutenção da saúde e fonte de prestação de cuidados. Seus saberes e práticas envolvem métodos propedêuticos exclusivos, aplicados no diagnóstico e tratamento. A integração da medicina tradicional e a medicina moderna exige uma relação respeitosa, que não pode existir com a negação de uma pela outra. Para tanto, é necessário que praticantes da MTA, pesquisadores e profissionais de saúde conheçam os princípios e o contexto das práticas tradicionais e das abordagens médicas modernas com vistas a promover o melhor atendimento aos pacientes para a manutenção da sua saúde e bem-estar.