Apresentação: O aumento da população mundial de idosos, que ocorre atualmente, é um fato que atesta a necessidade de articular tal crescimento com o desafio da implementação de políticas públicas voltadas para melhorar a qualidade de vida desse grupo. A Organização Mundial da Saúde (OMS), estabelece parâmetros para o envelhecer ativo: independência, participação, autorrealização e assistência. A partir dessa visão, a Atenção Básica (ABS), conhecida como porta de entrada do Sistema Único de Saúde (SUS), aparece como local privilegiado de ações de prevenção e promoção dos cuidados em saúde, especialmente aqueles voltados para pessoas idosas que tratam doenças crônicas. Nessa perspectiva, a música e a formação de um coral com o grupo de idosas aparece como forma de promover aos idosos uma nova forma de prazer e bem-estar ao trabalhar aspectos como respiração, integração com o grupo, diminuição do isolamento social e maior adesão com seu próprio tratamento. Método do estudo: a intervenção com música foi realizada no espaço da própria Unidade Básica de Saúde (UBS), na sala de reunião, com o grupo, uma vez por semana, coordenada pelas profissionais assistente social, fisioterapeuta e psicóloga da UBS. As aulas de canto, com divisão de vozes e escolhas de repertório eram realizadas por alunos de música, voluntários, de uma escola de música de Belém do Pará e, com a participação ativa das próprias idosas, que traziam sua experiência de cantar, individual ou coletivamente, fora do âmbito da unidade. Em média 40 idosas participaram do projeto e implementação do “Coral Melhor Idade”, assim por elas batizado. Não havia critério de exclusão e era aberto e gratuito. A experiência durou mais de 5 anos na UBS. Resultados: cantar trouxe diversas formas das idosas se expressarem no mundo, pois, para além dos ensaios, elas passaram a se apresentar em eventos da prefeitura e até mesmo para o prefeito da cidade, em exposições e datas comemorativas em geral. Não havia restrição na participação, com isso, foi possível observar o aumento da autoestima e envolvimento dessas usuárias com a própria saúde, pois, motivadas com o novo proposito do ser cantora, agiam de maneira mais consciente, colaborativas e motivadas para se prevenir de doenças e agravos. Além disso, outros benefícios observados foram: melhora da cognição, sentimento de pertencimento ao grupo (com adesão ao uso de uniforme para as apresentações, ideia que partiu e foi custeado por elas mesmas), fortalecimento de vínculos e melhoria do bem-estar pessoal, o que afetou positivamente essas idosas. Considerações Finais: A utilização do coral como momento terapêutico em grupo de idosos de UBS promoveu uma retomada do potencial artístico dos envolvidos, além de fomentar um espaço de cuidado, receptividade da comunidade, trabalhadores e familiares nas apresentações do grupo e estimulação da pessoa idosa de maneira geral, o que pode contribuir de maneira significativa para o seu aumento da expectativa de vida. Como forma de ampliar esse trabalho, fica a sugestão da participação do profissional de música como profissional pertencente ao quadro da Atenção Primária.